Pais participam de conversa sobre uso de drogas

Publicado em 28 de abril de 2015 às 11:23
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O Colégio Dante Alighieri realizou, na noite de 6 de abril, a quarta Roda de Conversa entre Pais e Professores, cujo tema foi “Drogas: construindo um ambiente de proteção aos fatores de risco”. Para falar sobre o tema, a instituição convidou o psicólogo Murilo Campos Battisti, doutor em dependência química. Já familiar a muitos no Colégio, ele fora convidado para vir ao Dante em outras ocasiões para falar do mesmo assunto.

Um dos primeiros pontos abordados por Murilo foi a precariedade nos investimentos em políticas públicas destinadas à prevenção no uso de drogas. “Hoje há dinheiro investido na área de álcool e drogas, mas não necessariamente com prevenção. Há muitos projetos com prazo de um ano de duração. Por mais que eles sejam importantes, não é possível dizer que um trabalho com esse período de vida seja destinado à prevenção. Prevenção é em médio e longo prazo”, explicou. “Quanto mais houver investimentos no importante, que é a prevenção, menos precisará ser aplicado no urgente, que envolve internação e outras ações.”

Como de regra, Murilo apresentou uma série de dados provindos de diversas pesquisas, entre as quais uma realizada em 2009 e 2010 com aproximadamente 5 mil alunos da rede particular de ensino, provindos de 40 escolas de São Paulo. Com essa amostragem, os pesquisadores – entre os quais Murilo – buscaram possíveis correlações entre determinados fatores sociais na vida dos indivíduos e o uso de drogas.

Os pesquisadores constataram, com esses dados, que as crianças (nesse recorte de pesquisa) criadas somente pelo pai têm o dobro (garotos) ou o triplo (garotas) de chance de abusar do consumo de álcool em comparação às crianças criadas somente pela mãe. Se, por um lado, práticas como a religiosidade foram tidas como fatores de proteção, a falta de diálogo e a frequência a ambientes impróprios foram, de outro, apontados como determinadores de risco.

Sobre o ambiente, os pesquisadores constataram que os jovens mais embriagados em festas eram os que haviam previamente bebido em casa. “Essa informação é óbvia, mas é comum ouvir o pai dizendo ao filho para beber em casa, e não fora. Ficou comprovado que, se o filho bebe em casa, também beberá fora dela”, disse.

Murilo também deixou claro que os pais podem influenciar os filhos, tanto na aceitação das práticas a que recorre quanto em sua recusa. “Imitação é uma das maneiras de aprender, e os filhos pegam os modelos dos pais, mas a rejeição também o é. Eles podem ver os pais embriagados e admirá-los ou rejeitá-los”, explicou.

No que se refere ao consumo de substâncias entorpecentes por alunos da rede privada de ensino, o psicólogo considerou alarmante os números obtidos na pesquisa: 63% dos alunos de 13 a 15 anos haviam consumido álcool no último ano, enquanto o número cresceu para 70% entre alunos de 16 a 18. “São números muito altos. Pesquisadores internacionais até perguntam se esses números estão corretos”, disse, complementando que, no caso da maconha, a porcentagem de uso foi de 14,5% no grupo de pessoas de 16 a 18 anos.

Sobre a responsabilidade dos pais na conscientização dos filhos, Murilo falou que não há uma solução necessariamente simples. “Não há solução mágica. O importante é haver uma conversa franca e direta, evitando a pedagogia do terror. Deve haver diálogo, supervisão, orientação e castigo, autoridade e explicação”, disse. “A fala isolada é apenas uma palestra, não um programa de prevenção. Se houver uma palestra, também deverá haver ações que complementem a conscientização.”

Na ocasião, juntamente o psicólogo, dividiam a mesa de debate as orientadoras educacionais do Colégio. Perguntadas sobre as ações do Dante para a conscientização sobre os riscos no uso de substâncias nocivas à saúde, as orientadoras falaram de algumas atividades desenvolvidas internamente com os alunos. A orientadora Thatiana Segundo explicou, por exemplo, que alunos do 8º ano realizam, em aulas sobre o sistema neurológico, estudos sobre tolerância e dependência. Ela explicou que esses alunos fazem uma pesquisa sobre diversas drogas, mas também apontou que há trabalhos sobre prevenção em anos anteriores. “Há uma busca sobre a verdadeira razão pela qual as pessoas experimentam as substâncias. Eles não acordam dizendo que vão beber, e sim se encontram em uma situação em que estão em um grupo e veem a importância de repetir as ações dos outros para se sentirem integrados”, disse.

A orientadora Claudia Meletti abordou, por sua vez, a importância do trabalho aprofundado com o conteúdo dos estudos. “É importante ter o cuidado de ajudar a transformar informação em conhecimento e valor, e saber que dentro da escola se pensa em uma grande perspectiva, com um trabalho de prevenção em médio e longo prazo. O ideal é pegar o aluno, ainda pequeno, e trabalhar com ele conceitos da vida saudável em diversas situações, como a alimentação e a condenação ao uso de substâncias nocivas”, explicou. Ela também falou do trabalho específico com alunos do Ensino Médio, que podem passar por um período de tensão pela transição do fim dos estudos na escola para uma vida com novas decisões, como as profissionais.

Por fim, a coordenadora do Serviço de Orientação Educacional, professora Elenice Ziziotti, lembrou que, por mais frustrante que seja qualquer restrição, os pais devem ser assertivos em suas decisões. “É difícil frustrar os filhos dizendo não. Eles vão ficar de cara feia, mas a decisão está tomada, pois os pais precisam ser adultos realmente responsáveis. A melhor hora para educar é agora, e a parceria entre a escola e vocês [pais] é fundamental para a comunidade escolar, para as famílias e também para as crianças”, concluiu.

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