Psicólogo conversa com pais sobre criação dos filhos

Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 12:21
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O Colégio Dante Alighieri realizou, na noite de 18 de novembro, a quinta edição da Roda de Conversa entre Pais e Educadores. Esse foi o último encontro de 2015 e contou com a presença de Luiz Hanns, doutor em psicologia clínica e autor de livros sobre o tema da noite: “A arte de dar limites e dialogar com crianças e adolescentes”.

Luiz falou que o modo atual com que os pais educam os filhos está “patinando”, tendo em vista as mudanças nos pressupostos relacionados à educação de qualidade. Ele começou contando que, no decorrer das últimas décadas, uma das grandes mudanças na forma de educar os filhos consistiu nas reflexões sobre o futuro deles.

“Em 1950, avós e bisavós não perguntavam ‘O que você deseja para o futuro da criança?’, pois só se pensava em caminhos tradicionais, como assumir a marcenaria da família. Hoje em dia, a resposta costuma ser ‘Quero que seja feliz’. Estamos dispostos a aceitar muita coisa pela felicidade”, contou. “Há, com isso, uma mudança nas propostas. ‘Realização pessoal’, por exemplo, era um termo que nem existia.”

Outro ponto abordado pelo doutor é que, em gerações passadas, havia um temor, por parte das crianças, de retaliação a partir de alguma ação indesejada. “Isso acontece em metade do mundo ainda, mas as crianças cresciam apavoradas com a palmatória, por exemplo. A meta era quebrar as vontades e os desejos e estimular a obediência, que se encontra na hierarquia”, afirmou.

Ele também contou que, em décadas passadas, não havia tantos produtos para as crianças consumirem. “A casa tinha uma governanta, que ensinava a modéstia. Hoje, as crianças crescem com a ideia de que não deve ter modéstia, e sim se divertir, algo possível por meio do consumo. Seria basicamente um direito sagrado à diversão”, complementou.

Luiz disse que, em décadas anteriores, as referências das crianças eram os adultos e idosos, não havendo, portanto, um “culto ao jovem e ao divertido”, situação que teria se invertido hoje. “Atualmente, a grande preocupação deles é ser aceito na turma. São induzidos a entender que ser jovem é legal, e que o velho é feio, lento”, afirmou. Em acréscimo, destacou que a origem da motivação das pessoas mudou com o passar das décadas.

Segundo Hanns, as mudanças na origem da motivação das pessoas prejudicam as crianças. “Antes, o locus da motivação estava no sujeito. Você levava um ano e meio para falar razoavelmente outra língua. Hoje a preocupação faz com que exista grande motivação externa, como escolas bilíngues, onde os adultos é que precisam motivar as crianças constantemente”, contou. “Em festas infantis, há até orientadores para motivar as crianças a brincar. Se o filho está entediado, os pais fazem um programa para motivá-lo. Com isso, a criança acha que o mundo é um show, e, quando cresce, tudo precisa ser emocionante, meteórico. Não pode haver contemplação. É o tipo de situação que facilita a ansiedade e a depressão.”

Sobre os filhos, Luiz apontou três elementos que influenciam na formação de cada um. “O primeiro fator é o biológico, genético, que baliza, mas não define. O segundo são as pressões e estímulos do ambiente, que ativam e desativam condições que influenciam o comportamento. Por último, há o que os pais ensinam ao filho a partir de quem ele é. É uma educação pensada. Se ele é tímido, nunca será o Sílvio Santos”, falou, complementando com um exemplo de escola em que não há funcionários responsáveis pela limpeza, tendo em vista que essa é uma responsabilidade de todos, inclusive das crianças, e onde elas aprenderiam, desde cedo, a importância do zelo comunitário.

Como solução, Luiz aposta no que nomeou “educação pensada”, que consiste em três ferramentas – diálogo, imposição de limite e exemplo de como agir – e três condições – idade, ambiente e temperamento. “Tem proposta para tudo… para a empresa, para a saúde, mas não para a educação”, afirmou, justificando a elaboração de um sistema de apoio para os pais e as crianças. “A educação pensada tem metas. É necessário ter um senso de propósito, um diálogo que demonstre os limites ao desejo e que ajude a desconstruir, mas sem chegar gritando com a pessoa.”

Ele explicou que se, por um lado, a imposição autoritária vai perdendo eficácia no decorrer da vida das crianças e adolescentes, o convencimento por meio do diálogo percorre caminho contrário e se torna mais funcional com o tempo. Por isso, explicou Luiz, o ideal é que os pais conciliem os dois modelos e sigam algumas diretrizes. “É necessário estabelecer os pressupostos da educação, ter clareza de quais sãos as regras, garantir que a pessoa cresça com saúde e segurança até a idade adulta, que até os 25 anos aprenda a cuidar de si e, por fim, trabalhar a ética e não permitir que a criança cresça sendo um parasita, que pratica o mal”, afirmou.

Para isso, de acordo com Luiz, é fundamental deixar claro para os filhos o funcionamento das regras e quem tem poder e exerce a autoridade. “Em todo lugar há alguém com poder. Na Igreja Católica, é o papa. Na escola, é o diretor. Em casa, pai e mãe. E quem tem poder exige o cumprimento de regras”, afirmou. “A criança pode não concordar com a regra, tentar convencer os outros [a vê-la como inadequada], mas não burlá-la. Não existe direito adquirido em educação. Ou cumpre, ou negocia, com o risco de perder.”

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