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Um dos projetos apresentados na Mostra Dante GEN no dia 20 de outubro se destacou: a cortina de copos, trabalho dos alunos de 6º ano feito pelos departamentos de Artes e Gestão Ambiental, chamou a atenção por cobrir boa parte da Colmeia e, principalmente, pelo impacto positivo que causou. Afinal, depois desse projeto, a vida dos alunos e funcionários envolvidos nunca mais foi a mesma.
A turma estava estudando arte urbana desde o começo do ano com a professora Valéria Leite, sob orientação da coordenadora do Departamento de Artes, professora Maria Beatriz Perotti. O projeto interdisciplinar, batizado de “Ver a Cidade”, teve inspiração nas intervenções urbanas dos artistas Mauro Neri e Eduardo Srur. Neri usa o grafite para espalhar poesia pela cidade de São Paulo, enquanto as obras gigantescas de Srur chamam atenção para causas ambientais, tendo o problema do lixo como um de seus principais temas. Ao mesmo tempo, o Departamento de Gestão Ambiental trabalhava a campanha “Por Amor ao Mar”, que conta com apoio da ONU e tem como meta eliminar o uso de copos descartáveis de plástico e diminuir o lixo que chega aos oceanos. Foi aí que nasceu a ideia da cortina de copos, intervenção feita pelos alunos do 6º ano com material recolhido dentro do próprio Dante durante alguns meses e produzida no ateliê de arte. “Estudamos também a série ‘Fotos de Lixo’ e o documentário ‘Lixo Extraordinário’, do artista Vik Muniz. O intuito foi fazer com que os alunos olhassem mais para essa problemática tomando atitudes pessoais e chamando a atenção de seus familiares e amigos para esta séria questão, tão preocupante nos dias de hoje”, conta a professora de artes Valéria Leite.
Números chocantes
“Começamos a guardar os copos para beber água usados em 2017 na coleta seletiva. Eram tantos que queríamos mostrar de forma bem visual e impactante quantos copos o Colégio usava por mês. Uma quantidade chocante: de agosto a dezembro, foram mais de 500 mil copos! As pessoas não veem o próprio lixo, mas se enxergassem entenderiam o impacto que isso causa e passariam a reduzir seu consumo”, afirma Joaquim Félix, gestor ambiental do Dante. Em um esforço coletivo, houve uma queda drástica no uso dos copos descartáveis, que passaram a ser fornecidos pela escola em menor quantidade com o incentivo do uso de canecas e garrafinhas reutilizáveis. O Colégio também instalou bebedouros Smart nos corredores e passou a usar copos biodegradáveis em todos os eventos.
Enquanto isso, a equipe de gestão ambiental passava de sala em sala conscientizando os alunos. Com o 6º ano, houve uma aula especial preparada por Laura Labaki, técnica em meio ambiente. Com dados muito impressionantes, Laura prendeu a atenção dos dantianos e deixou a turma bastante sensibilizada com o tema. “Quis levar informação, mostrar o contexto e a realidade. A imprensa do mundo inteiro está falando disso, temos a polêmica dos canudinhos, mas nem todo mundo sabe de fato o tamanho do impacto. Já existem verdadeiras ilhas de plástico no oceano Pacífico e, a cada ano, mais 8 milhões de toneladas de plástico são jogadas no mar, matando 100 mil animais marinhos”, diz ela. “Também quisemos mostrar que qualquer disciplina pode ajudar na questão de educação ambiental. A arte pode ser crítica e gerar reflexão e, no começo do ano, trabalhamos o conceito em aulas de português. Isso se aplica a muitas iniciativas interdisciplinares e é importante que toda a comunidade escolar participe, de forma integrada”, conclui.
Da escola para a vida
Laura conta que o mais legal de todo o projeto foi ver o quanto os alunos se engajaram e como aplicaram o que aprenderam no Colégio ao seu dia a dia, transformando o mundo para melhor: “todos começaram a prestar mais atenção em suas atitudes, passando a recusar canudinhos quando vão comer fora e a evitar descartáveis em geral, como sacolinhas de supermercado”.
Para a estudante Isabela Abbud, do 6º ano E do Ensino Fundamental, a experiência rendeu um novo trabalho escolar e transformou a rotina até no clube que sua família frequenta. “Somos membros do Club Athletico Paulistano e faço ginástica artística lá toda semana. Eu e uma amiga vimos a aula e percebemos que é um tema muito urgente, então conversamos com nossas colegas no clube para que parassem de usar copos plásticos descartáveis e levassem sua garrafinha para os treinos. Deu certo, e o uso caiu tanto que o clube parou de comprar os copos. Agora, em vez de ter um suporte de copos em todos os andares, eles fornecem apenas um copo descartável por dia para quem realmente precisar. Também fiz um projeto de ciências comparando canudos descartáveis aos reutilizáveis de aço inox, e descobri que o de plástico, além de poluir, tem muito mais bactérias”, afirma a garota. Sua pesquisa também foi exposta na Mostra Dante GEN, em 20 de outubro.
