Celso Antunes lança livro no Colégio Dante Alighieri

Publicado em 17 de maio de 2013 às 18:08
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O Colégio Dante Alighieri foi palco, na noite de 14 de maio, do lançamento do novo livro do educador Celso Antunes, “Primeiros Passos”. No evento, Celso proferiu uma palestra sobre a necessidade de haver uma “ponte” entre os moldes tradicionais de ensino e os que estão se tornando cruciais nestes tempos de rápidos avanços tecnológicos e transformações sociais. Sua fala, de pouco mais de uma hora, concentrou-se portanto em temas como tecnologia, educação e família.

Um ponto a merecer ênfase ao longo de toda a palestra foi que o professor, mesmo não sendo o único responsável pela educação, tem uma grande importância na formação das pessoas, e que essa condição deveria motivá-lo a levar conhecimento de modo eficiente aos alunos. Por isso, ele questionou diversas vezes: “Quanto vale um professor?”.

No início do encontro, para reforçar o valor do educador, Celso usou, a título de exemplo, a Casa do Zezinho, instituição sem vínculo governamental que, localizada na zona sul, promove atividades educacionais para crianças e adolescentes.

Seu relato acerca do trabalho ali desenvolvido busca reconhecer o mérito nos cuidados com a formação. “Certa vez, a tia Dag [Dagmar Rivieri Garroux, cujo trabalhou culminou na criação da entidade], antes mesmo da existência oficial da Casa, chamou para conversar uma garota de dez anos que já se envolvia com a promiscuidade em sua região. Não para dar uma bronca, e sim para conversar. Ela perguntou à menina o que ela achava daquela vida, e a garota, a princípio, levou a conversa para o lado pessoal e disse que ninguém cuidaria da vida dela. Dias depois, parou para refletir sobre o que estava fazendo, entendeu que Dag queria que ela pensasse em seu futuro e viu a importância de se valorizar. E então, 20 anos depois, ela estava formada em Medicina pela USP”, afirmou.

Celso utilizou outros exemplos pessoais que destacam a relevância da preocupação para com o futuro das crianças. Falando de escolas, ele criticou os moldes antigos de ensino, como as aulas meramente expositivas, que, principalmente nos dias de hoje, não ofereceria ferramentas eficientes para o aprendizado e o desenvolvimento da criticidade dos alunos.

“Ainda há professores que trabalham com aulas expositivas, algo criado na época de [Johannes] Gutenberg [inventor do tipo mecânico móvel para a impressão de textos, no século XV], em que o povo era analfabeto e dependia de alguém para ler o conteúdo das obras”, afirmou Celso, sem deixar de assinalar, também, que modelos mais eficientes de aula nunca dependeram das tecnologias digitais com que convivemos atualmente.

“A ponte de ligação está no modo de usar as ferramentas, em saber como elas colaborarão com a construção do saber. Em minha época de universitário, precisei acompanhar algumas aulas para completar as horas do meu banco de estágio. Foi aí que conheci a professora Judite, uma senhora sem formação que, naturalmente, lecionava em um ambiente sem todos esses recursos. O seu modo de ensinar envolvia, basicamente, propor desafios aos alunos, mesmo com perguntas de respostas óbvias, e misturá-los a fim de cada um compartilhar o seu conhecimento durante a construção do saber. Isso os estimulava a buscar respostas diferentes das que encontravam no dicionário”, contou Celso.

O educador apontou que o desafio da educação tem um nobre objetivo: garantir o verdadeiro aprendizado. Para ele, expor rasamente a informação pode estimular o aluno a simplesmente decorar o conteúdo em vez de entender e aprender os seus conceitos. Um de seus exemplos pessoais, envolvendo um jovem garoto no litoral, demonstra isso.

“Certo dia, um garoto pediu a minha autorização para olhar o meu carro. Antes de chegar a mim, porém, ele havia ido até uma cesta de lixo para descartar uma embalagem de picolé. Quando chegou, eu perguntei a razão de ele ter tomado tal atitude, em vez de simplesmente jogar o papel no chão. A resposta foi ‘para preservar o meio ambiente’. Fiquei maravilhado com a afirmação! Mas, ao perguntar o que era meio ambiente, ele não soube me responder. Ele não sabia dizer o que era ambiente, nem qual era o sentido da palavra ‘meio’ naquele contexto”, afirmou. Esse episódio serve, para Celso, como um contraexemplo do modelo de aula priorizado pela professora Judite, que proibia o uso dos termos mais óbvios para a definição das palavras.

*Celso Antunes é graduado em Geografia, mestre em Ciências Humanas e especialista em Inteligência e Cognição pela USP. É membro da Associação Internacional pelos Direitos das Crianças Brincar (órgão reconhecido pela Unesco), embaixador da Educação da Organização de Estados Americanos, sócio fundador do movimento Todos Pela Educação. Escreveu quase 200 livros didáticos e mais de 50 obras relacionadas à educação. Já ministrou palestras em todos os estados brasileiros (mais de 500 municípios) e em diversos países da América Latina.

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