Alunos produzem livro sobre cotas universitárias

Publicado em 2 de dezembro de 2013 às 13:06
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Os alunos da 3ª série do Ensino Médio participaram, no decorrer de 2013, de uma atividade interdisciplinar para discutir um assunto que, por relacionar-se a políticas de equiparação de oportunidades na sociedade, desperta atualmente no Brasil bastante controvérsia: as chamadas ações afirmativas*. Um dos pontos debatidos entre os estudantes foi a adoção de cotas raciais e sociais para o ingresso na universidade, com as discussões centrando-se nos princípios legais, éticos e morais dessa prática e sobre os efeitos que ela pode produzir.

O projeto relacionou conhecimentos de disciplinas como História, Sociologia, Filosofia, Geografia, Português e Inglês. Iniciada em abril, e com duração de três meses, a produção dos alunos resultou em um livro com 90 textos. O lançamento oficial do volume, intitulado “Ações afirmativas: a escola em debate”, foi realizado em 8 de novembro, durante a premiação do 28º Concurso de Redação e da Virada Literária 2013. A entrega dos exemplares aos alunos cujos textos mereceram publicação foi realizada no dia 13, ocasião em que os representantes de todos os departamentos pedagógicos envolvidos puderam sublinhar a qualidade das ideias ali apresentadas.

O professor de Filosofia Christian Gilioti cumprimentou a todos pelo empenho no trabalho. “Todos os professores do Departamento de História estão felizes com o resultado do projeto. Vocês estão saindo da escola com a bagagem de uma reflexão sobre um assunto de extrema importância para a cidadania”, afirmou.

Para o coordenador do Departamento de Geografia, professor Everaldo Vellardi, o livro comprova a riqueza dos debates realizados no decorrer de 2013. “Esta é a prova do profundo trabalho realizado com espírito crítico aqui. É de extrema importância ter fundamentação para argumentar, e, para fazê-lo bem, vocês realmente fizeram estudos enriquecedores”, disse.

Marcos Paulo Gerônimo, professor de Inglês, ressaltou a importância de conhecer a opinião sobre a matéria de um lado até então desconhecido. “Constatamos uma grande pluralidade de opiniões, e, refletindo sobre esse tema, preferi não só explorar o que eu sei sobre ele, mas também dar grande atenção ao modo com que vocês o enxergam.”

O professor de Língua Portuguesa, Sérgio Barbosa de Souza, evocou Guimarães Rosa para falar da relevância do projeto. “Todos sabem que este é um assunto muito importante, e, para haver um debate construtivo, todos devem saber argumentar e respeitar. Como Guimarães Rosa disse em Grande Sertão: Veredas, ‘Pão ou pães, é uma questão de opiniães’”, disse Sérgio.

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*As denominações “cotas” e “ações afirmativas” possuem sentidos diferentes, apesar de serem usualmente utilizadas como sinônimos no Brasil. A primeira pressupõe a garantia de que pessoas de certo grupo (a depender da etnia, classe social e nível de instrução recebida) terão assegurada uma parcela das vagas em instituições públicas. A segunda preconiza o direito de todos ao ingresso e ao aproveitamento dos estudos em instituições de ensino superior, operando com medidas compensatórias que relativizariam a desvantagem de alunos de escola pública em face do privilégio dos egressos de instituições particulares. Tal ponto de vista institui assim uma posição que excederia a defesa exclusiva da isonomia na busca por uma vaga na universidade pública.

Conclui-se portanto que, enquanto a cota (o termo, aliás, é também utilizado de modo pejorativo em condenação à prática) pode ser considerada uma ação afirmativa, ações afirmativas congregam um rol muito maior de atitudes. A isenção de taxas de inscrição no vestibular, por exemplo, é uma delas, e cursos extras relacionados a temas do ensino básico oferecidos no decorrer dos estudos no ensino superior é outra.

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