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Entre os dias 2 e 5 de junho, os dantianos do 8º ano do Ensino Fundamental realizaram uma saída pedagógica para a região de Barra Bonita, acompanhados de professores e de monitores do Grupo Peraltas. O objetivo da viagem era promover aos alunos a oportunidade de coletar informações para o projeto interdisciplinar “Consumo Criativo: desafios e possibilidades para o desenvolvimento sustentável”. O projeto consiste na produção de um vídeo estilo “Draw My Life” no qual os alunos irão “vender” uma proposta de melhoria da sociedade relacionada à sustentabilidade.
Para tal, os dantianos visitaram uma série de locais onde puderam presenciar de fato o consumo criativo e sustentável. “A bioconstrução é uma forma sustentável de construir que não utiliza materiais não biodegradáveis e não reciclados. Quando visitamos uma antiga fazenda de café, o enfoque dado foi sobretudo para a bioconstrução de taipa de pilão que havia lá. Foi retirada a estrutura de revestimento para que os alunos pudessem ver, de maneira inédita, a estrutura de bambu e argila que sustenta a capela, o que a caracteriza como uma bioconstrução”, explica o professor de matemática Lucas Feliciano.
Estilo de vida cúmplice do meio ambiente
Os alunos ainda visitaram a Fazenda White, onde puderam entrar em contato com o estilo de vida sustentável do casal proprietário da terra: todas as obras da fazenda foram realizadas por bioconstrução, ou seja, foram feitas a partir de técnicas que visam a um menor impacto ambiental. A fazenda ainda contava com uma plantação orgânica de tomates, que foram colhidos e saboreados pelos dantianos.
“Apesar do uso de cimento, a estrutura da sede da fazenda é feita de palha. A casa possui também garrafas de vidro em pontos específicos para dar luminosidade. Além disso, há fossas orgânicas e ecológicas e um banheiro a seco, em que o chão é também feito de garrafas de vidro. Os professores de GPI e STEAM-S solicitaram atenção total dos alunos nesta visita para a questão do consumo consciente, coleta seletiva, reciclagem e reúso: o vidro, por exemplo, é um material difícil de reciclar, além de ser caro; então ver formas de reutilizar esse material é interessante e pode servir de inspiração para o projeto deles”, revela o professor Lucas.
Segundo a aluna Maria Eduarda Ferreira, do 8º ano F, a visita à fazenda White trouxe muitos aprendizados. “O telhado da casa do casal estava cheio de plantas e, primeiramente, na minha concepção, aquilo era algo estético com fins decorativos; mas, quando eu perguntei ao casal, eles me disseram que a função das plantas era regular a temperatura do local. Isso porque a moradia é feita de barro, o que deixa o ambiente abafado; assim as plantas acabam arejando a casa”, explica a dantiana.
Conhecendo técnicas artesanais
A viagem educacional ofereceu ainda a oportunidade de conhecer um ateliê de cerâmica, onde foi apresentada aos alunos a técnica raku – arte japonesa de cozedura de peças cerâmicas realizada com o auxílio do fogo e elementos orgânicos. A visita ao ateliê foi encabeçada pelo componente curricular de Letramento Financeiro e Estatístico e, por isso, foi voltada para os aspectos da comercialização das peças cerâmicas, tais como os custos de produção e transporte. “Essa visita não estava relacionada diretamente com o tema da sustentabilidade, mas foi uma experiência poética: os alunos demonstraram muito respeito com a técnica raku e foram muito empáticos com o casal de senhores que eram donos do ateliê”, completa o professor.
Um rio Tietê diferente do familiar
Os dantianos foram também à atração mais divulgada e conhecida da cidade: a Eclusa de Barra Bonita, que fica junto à usina hidroelétrica do município. Lá, os alunos entenderam como as eclusas são feitas e quais são os impactos econômicos e ambientais desse tipo de construção para a região do rio Tietê, visto que muitas espécies voltaram para o rio (seu hábitat natural) após a edificação dessa obra.
“Todos foram para a parte externa do barco para perceber a elevação do rio e ficaram impressionados em ver o rio Tietê com vida: pássaros voando, peixes nadando, cheiros não desagradáveis. Os alunos estavam felizes por estarem lá e foi uma oportunidade de perceberem como as más ações do homem interferem na vida da natureza e das gerações futuras”, comenta o educador.
“Minha parte favorita da viagem foi a visita à Eclusa de Barra Bonita. Eu nunca imaginei como as eclusas eram feitas e nem sabia que existia uma estrutura tão forte para suportar tantos litros de água e levantar navios. Foi impressionante”, relata a aluna Maria Eduarda.
As questões socioemocionais e concepções de trabalho coletivo e cooperação também foram trabalhadas na viagem por meio de uma atividade de rafting – esporte radical aquático que consiste em desbravar as correntezas de rios.
O que acontece em Barra não fica em Barra
Por fim, já no Dante, os alunos que foram à viagem puderam compartilhar as experiências vivenciadas com os colegas que ficaram em São Paulo, que, por sua vez, fizeram pesquisas teóricas sobre os aspectos sustentáveis da viagem. “Eles fizeram uma troca bacana: os alunos que ficaram em São Paulo fizeram uma pesquisa técnica, já os que foram para a viagem trouxeram experiências de vivência, porque colocaram a mão na massa e puderam ver tudo acontecendo. Assuntos como agressão ao meio ambiente, bioconstrução, consumo consciente e sustentável, reaproveitamento e reúso de materiais também foram discutidos nessa conversa”, afirma o professor.
Acima de tudo, a viagem foi uma extensão para o projeto interdisciplinar: os alunos tiveram a oportunidade de observar diretamente que o consumo consciente envolve a busca por produtos e serviços ecologicamente convenientes, a economia de recursos, o uso dos bens até o fim de sua vida útil e o reúso e reciclagem dos materiais. Afinal, é justamente através do consumo consciente que será possível estabelecer uma sociedade mais sustentável, para que as gerações futuras possam desfrutar dos recursos do planeta.
