Vencedor do “Jovem Cientista” dá palestra no Dante

Publicado em 29 de abril de 2014 às 18:31
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Vencedor do prêmio “Jovem Cientista” em 2012, o pesquisador Rodrigo Gonçalves Dias, do InCor-HCFMUSP, ministrou uma palestra para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio (a maioria pertencente aos programas Cientista Aprendiz e GEETec) do Colégio Dante Alighieri, em 27 de março.

Formado em Educação Física pela Unicamp, Rodrigo já está em seu segundo pós-doutorado e seu trabalho relacionando genômica e esporte ganhou destaque internacional. O pesquisador identificou uma mutação genética que dificulta o mecanismo de vasodilatação muscular durante a realização de exercícios físicos. Assim, o desempenho esportivo de pessoas que se enquadram nessa situação seria comprometido.

Em sua palestra, apoiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela Fundação Roberto Marinho, Rodrigo descreveu a trajetória que o levou de Itajubá, no interior de Minas Gerais, ao reconhecimento internacional. Antes, porém, a professora Sandra Tonidandel, coordenadora do Departamento de Ciências da Natureza e Biologia do Dante, realizou uma introdução, destacando os 104 prêmios conquistados por trabalhos dantianos do programa Cientista Aprendiz (do qual ela também é coordenadora) em feiras nacionais e internacionais de pré-iniciação científica.

A profa. Sandra ainda aproveitou para lembrar que o Colégio é filiado à Genius Olympiad, feira de pré-iniciação científica cuja edição de 2014 será realizada em Oswego, nos EUA, em junho, contando com os trabalhos das dantianas Giulia Maria Ramella e Ana Carolina Paixão de Queiroz (além delas, Laura Tonidandel, formada na Escola em 2013, também participará do evento). Encerrando sua fala, Sandra Tonidandel apresentou o palestrante aos alunos.

Superando preconceitos

“Por meio de uma fala, você pode motivar, pode acordar pessoas que estavam precisando só de um incentivo”, afirmou Rodrigo ao justificar o que o leva a ministrar palestras. E o pesquisador conhece, na prática, os fatos que guardam relação com uma fala sobre superação.

Em 1999, motivado pela prática do triatlo, Rodrigo, então com 21 anos, deixou uma vida simples em Itajubá para cursar Educação Física na Unicamp, em Campinas. Certo dia, passeando pelo campus, entrou no Instituto de Biologia, mais precisamente no laboratório de adrenoceptores cardiovasculares do Departamento de Fisiologia e Biofísica.

A dra. Dora Maria Grassi Kassisse mostrou-lhe o laboratório, além de convidá-lo para assistir a um experimento no dia seguinte. Assim, Rodrigo passou a frequentar o local até o dia em que criou coragem e pediu para fazer uma iniciação científica. Contudo, segundo ele, nunca um estudante de Educação Física havia desenvolvido uma pesquisa naquele setor.

Rodrigo estudou duas semanas seguidas e apresentou uma proposta que surpreendeu a dra. Dora, levando-a a permitir que o aluno trabalhasse em seu laboratório. Assim, por quatro anos e meio, ele desenvolveu a iniciação científica intitulada “O exercício físico na prevenção das dislipidemias induzida por dieta”.

O pesquisador contou que, até 2003, era motivo de piada no laboratório por ser um aluno de Educação Física fazendo pesquisa fora de sua área. Ele aguentava tudo calado. Contudo, nesse mesmo ano, o reitor da Unicamp ficou sabendo da história de Rodrigo e pediu para publicá-la no Manual da Unicamp (livreto voltado aos estudantes que se inscreveriam no vestibular do ano seguinte da instituição) com o título de “Onde o esporte também é ciência”. Foi a melhor resposta que os críticos de Rodrigo poderiam receber.

Direto para o doutorado

Em 2004, Rodrigo decidiu fazer seu mestrado em cardiologia também no Instituto de Biologia da Unicamp. Mais uma vez, foi-lhe dito que sua vontade não poderia se consumar. Ele persistiu e se apresentou à banca que determinaria a viabilidade ou não de seu projeto. Após uma rígida análise de seu currículo, os avaliadores decidiram que o pesquisador faria não o mestrado, mas sim um doutorado. “Eles consideraram que minha iniciação científica havia equivalido a um mestrado”, afirmou.

Logo em seguida, Rodrigo teve a chance de fazer um doutorado-sanduíche (ele estaria matriculado na Unicamp, mas desenvolveria seu projeto no InCor, em São Paulo). Após duas reprovações, ele conseguiu a vaga e começou a trabalhar com óxido nítrico e sistema cardiovascular.

Foi então que ele chegou à constatação de que a vasodilatação era reduzida em exercícios físicos para portadores de um determinado gene mutante. A pesquisa obteve grande repercussão na mídia já em 2006 (participou como fonte de uma reportagem da revista Veja com o título “Detecção de talentos esportivos com base no genoma”). No ano seguinte, Rodrigo tornou-se consultor da TV Globo para os Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro.

Já em 2008, ganhou o prêmio de melhor pesquisa no 63º Congresso Brasileiro de Cardiologia. No mesmo ano, após apresentar seu trabalho na Experimental Biology, Rodrigo foi convidado para uma conversa com Theodore Friedman, coordenador do setor de Genômica da University of California e pesquisador da área de antidoping genético da Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês).

Por fim, em novembro de 2012, foi comunicado de que havia conquistado o Prêmio Jovem Cientista, concedido pelo CNPq. “Tudo o que eu conquistei eu dedico à Educação Física, pois ela precisa ser mais valorizada. Professor competente é o que faz bem-feito. Levem essa informação a seus pais. Não importa o curso que vocês escolham desde que o façam bem-feito”, afirmou Rodrigo, que respondeu a perguntas dos alunos e deu dicas para se obter sucesso na carreira acadêmica.

“São as tentativas fracassadas que mais contribuem para o crescimento profissional e pessoal. Nada é impossível na vida da gente. Se a cabeça não tem limites, os sonhos não têm limites. Tenham persistência, vontade e garra. Sejam honestos, transparentes, fiquem felizes com as conquistas dos outros e dividam as coisas boas”, disse. “E procurem fazer conexões incomuns entre sua área de atuação e outras especialidades. Há conexão entre tudo”, completou.

Padrinho

No fim da palestra, os dantianos receberam uma boa notícia: Rodrigo irá “adotar” um aluno do Ensino Médio do Colégio para orientá-lo na elaboração de um projeto para a próxima edição do prêmio Jovem Cientista. “Recomendo a todos vocês fazerem uma iniciação científica, pois ajuda no desenvolvimento intelectual e no currículo e dá maturidade”, encerrou.

Vitor Hugo Alves Aguiar, da 2ª série I do Ensino Médio, elogiou a palestra. “Achei muito boa a história dele [Rodrigo]. Principalmente, pelo fato de que ele alcançou uma posição importante numa área profissional diferente da dele. Ele foi além das concepções sociais geralmente colocadas para a profissão [educador físico]”, afirmou o estudante, que desenvolve a pesquisa “Motivação escolar em alunos com transtorno afetivo bipolar” no programa Cientista Aprendiz.

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