Projetos do Cientista Aprendiz ganham prêmios e se destacam em mostra internacional

Publicado em 9 de novembro de 2022 às 19:14
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Dantianos conquistam prêmios na Mostratec 2022.

Quatro alunos do Cientista Aprendiz, programa de pré-iniciação científica do Dante, conquistaram premiações na 37ª edição da Mostratec – Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia –, considerada uma das maiores feiras científicas da América Latina. Realizado entre os dias 24 e 28 de outubro, em Novo Hamburgo (RS), o evento contou com a participação de representantes de oito países e de 21 estados brasileiros, totalizando 666 projetos, divididos entre Ensino Médio e Técnico (329) e Ensino Fundamental e Infantil (337).

“O resultado demonstra que as atividades desenvolvidas no Cientista Aprendiz têm sido bem-sucedidas e comprova que a qualidade da orientação e dos projetos tem se estabelecido em um patamar elevado e competitivo”, afirma a professora Percia Barbosa, coordenadora-assistente do Cientista Aprendiz.

Os alunos contemplados foram Lucas Hadlich Sampaio, Letícia Feitoza e Marina Escalona, da 2ª série, e Ana Luiza Folino, da 3ª série do Ensino Médio. “Os professores têm focado nos objetivos de desenvolvimento dos alunos de pré-iniciação científica. E, com isso, temos conseguido aprimorar as outras habilidades científicas dos estudantes, que são a capacidade de comunicação e de divulgação de seus resultados”, acrescenta a docente.

O dantiano Lucas Hadlich fatura prêmios na Mostratec 2022.

Premiações dantianas

Uma das conquistas de maior destaque da mostra foi obtida por Lucas, vencedor do Prêmio Mostratec CNPq, que o credencia a participar da próxima Regeneron International Science and Engineering Fair (ISEF), uma das maiores feiras de ciência pré-universitária do mundo, que ocorrerá em maio de 2023, em Dallas, nos Estados Unidos. “Nos últimos três anos, o Dante tem conseguido ser representado ao menos por um aluno na ISEF. Isso mostra como a qualidade dos projetos está alta e que estamos atingindo nossos objetivos em relação à orientação da pré-iniciação científica”, avalia a professora Percia.

Além disso, o dantiano obteve o primeiro lugar na área de engenharia elétrica, menção honrosa da Associação Brasileira de Incentivo à Ciência (ABRIC) e a publicação de seu trabalho na revista científica multidisciplinar Scientia Prima, da ABRIC. O projeto de Letícia, por sua vez, foi credenciado para participar da Fecientcap (Feira Científica e Tecnológica de Capiatá), em 2023, no Paraguai, além de ficar na segunda colocação na área de ciências ambientais. Já os trabalhos de Marina e Ana Luiza terminaram, respectivamente, em terceiro e quarto lugares das áreas de bioquímica e química e de ciências da saúde.

Ao longo do desenvolvimento de seus projetos, os quatro alunos premiados se ativeram a pesquisas envolvendo as mais variadas áreas do conhecimento – no caso, engenharia elétrica, ciências ambientais, bioquímica e química e ciências da saúde. Na avaliação da professora Percia, tal diversidade revela a evolução do Cientista Aprendiz nos últimos anos. 

“Hoje, no Cientista Aprendiz Fase 1, os alunos já podem conhecer as diferentes áreas do conhecimento em que poderão realizar suas pesquisas a partir do 9º ano, o que ajuda a diversificar seu interesse. Assim, as pesquisas começam a ser desenvolvidas nas mais diferentes esferas, para que, nas feiras científicas, consigamos ser bem representados em cada uma das áreas.”

Abaixo, confira o relato dos alunos sobre a participação na Mostratec:

“Gostei bastante de participar da Mostratec porque pude conhecer outros projetos e metodologias científicas, além de aprender sobre vários temas diferentes. Depois da medalha de ouro [na área de engenharia elétrica], não acreditava que iria ganhar outra premiação. Quando ouvi o nome do meu projeto ganhando o prêmio do CNPq, comecei a gritar de felicidade, porque com isso eu iria para Dallas. A sensação foi muito boa, excelente. Estou extremamente animado para participar da ISEF, vai ser muito legal.”

Lucas Hadlich Camargo Sampaio (2ª série D)

“Valeu muito a pena ter participado da feira. Apresentar meu projeto na Mostratec foi muito diferente de tudo que já fiz. Consegui tirar bastante proveito, conhecer novos pontos de vista sobre meu projeto e ouvir muitas sugestões também. Não estava esperando o credenciamento para a feira no Paraguai. Acredito que vai ser uma experiência ainda melhor. Conseguir dois prêmios de uma vez foi muito legal. O Cientista Aprendiz foi essencial, porque me ajudou a ter disciplina, a manter um projeto, pesquisar e seguir com ele, além de me fazer perceber que, mesmo quando um projeto não dá certo, é possível mudar o ponto de vista e fazer outra coisa.”

Letícia Silvestrim Feitoza (2ª série B)

“Fiquei impressionada com o tamanho e a infraestrutura da Mostratec. A feira é muito bem feita e foi possível notar que a comunidade científica tinha muito apreço ao que estávamos fazendo. Foi uma experiência intensa, porque acabei conhecendo pessoas de lugares diferentes e fazendo muitos amigos. Quando subi no palco para receber a medalha, passou um filme de toda a história que tenho no Cientista Aprendiz, de todo o esforço empreendido na criação do projeto. Eram muitos trabalhos, então ter conquistado o terceiro lugar em uma das maiores feiras do Brasil foi muito especial.”

Marina Escalona (2ª série C)

“Foi uma experiência muito boa poder levar meu projeto para fora do Dante e de São Paulo. Como grande parte dos meus avaliadores eram médicos, aprendi um pouco sobre a iniciação científica na faculdade de medicina, e isso me mostrou que é possível dar continuidade ao meu projeto. Por eu estar na 3ª série, o prêmio foi uma boa finalização da minha trajetória no Cientista Aprendiz e me fez refletir sobre toda a minha história no programa.”

Ana Luiza Gaia Folino (3ª série G)

Veja, abaixo, o resumo de cada um dos quatro projetos:

Título: Desenvolvimento de uma estação de monitoramento de baixo custo para prevenção de deslizamentos em áreas urbanas sujeitas a riscos geológicos
Estudante: Lucas Hadlich Camargo Sampaio
Orientador: Wayner de Souza Klen
Resumo: No início do século 19, o mundo experimentou um novo fenômeno emergente, o êxodo rural. Nas décadas seguintes, a população mundial migrou para áreas urbanas em busca de melhores condições de vida. Devido a esse fenômeno migratório, os centros urbanos passam por problemas relacionados ao transporte público, distribuição de água, saneamento e habitação por aglomeração em áreas de risco. Desse modo, os deslizamentos de terra tornaram-se muito comuns em regiões de risco, onde se encontram comunidades carentes de serviços públicos, pois existe um ambiente favorável para sua ocorrência. Neste trabalho, desenvolvemos e construímos uma alternativa de baixo custo para monitorar algumas variáveis físicas in loco. Para isto, utilizamos a tecnologia arduíno e materiais de fácil acesso para a elaboração de um protótipo. O protótipo pode comunicar a iminência de um deslizamento de terra enviando um SMS à população local e à Defesa Civil. Outrossim, nosso protótipo disponibiliza os dados em tempo real em um canal público do ThingSpeak, por meio do qual a população e as autoridades podem monitorar cada variável como uma série temporal.

Título: Reaproveitamento do resíduo inorgânico do camarão
Estudante: Letícia Silvestrim Feitoza
Orientadora: Carolina Lavini Ramos Morais
Coorientadora: Juliana de Carvalho Izidoro
Resumo: O cultivo de crustáceos foi implementado no Brasil na década de 1960. Desde então, a produção aumentou e atingiu o seu auge em 2002. Depois da despesca, o camarão passa pelo processo de beneficiamento, para que a comercialização tenha maior qualidade e higiene. Nele, o produto é classificado, limpo e embalado; geralmente são removidos a cabeça, o exoesqueleto e a porção posterior do animal. Esse resíduo pode equivaler a 50% do peso original do camarão. Com isso, são geradas quantidades expressivas de resíduo sólido. Além disso, também são gerados resíduos líquidos, a partir do processo de limpeza do camarão. Tais resíduos possuem grande capacidade para conter organismos nocivos, responsáveis por doenças. Sendo assim, os resíduos líquidos devem passar por um tratamento biológico e químico antes de serem descartados. Os resíduos sólidos, por sua vez, podem ser direcionados para a compostagem, para a silagem ou para a incineração, desde que essa queima seja feita em um local seguro e adequado. Contudo, o mais comum é que eles sejam enterrados em locais inadequados ou jogados em mares e rios, já que o destino correto causa custos extras à produção. Essa ação prejudica o meio ambiente de maneira séria, sendo importante dar outro destino a esse subproduto pesqueiro. Tendo em vista todas essas informações, este projeto visa dar utilidade ao resíduo sólido do camarão, a partir de uma análise do material inorgânico do resíduo, procedimento no qual será possível verificar quais os principais óxidos presentes na amostra.

Título: Estudo da Recuperação de Polímeros Usando Solvente Natural
Estudante: Marina Escalona
Orientadora:  Juliana de Carvalho Izidoro
Coorientadora:  Juliana Gomes
Resumo: O plástico é considerado um poluente de difícil decomposição no meio ambiente, por isso, estudar métodos para que o seu descarte ou o seu reaproveitamento sejam menos prejudiciais à natureza é muito importante. O Brasil é o 4º maior produtor de plásticos do mundo, porém, em contrapartida, cerca de somente 1,28% é reciclado, e o restante tende a se acumular no ecossistema. Sendo assim, o objetivo deste projeto é estudar uma forma para que diferentes tipos de polímero sejam dissolvidos por um solvente natural, possibilitando, dessa forma, a sua reutilização. O solvente escolhido foi o limoneno, extraído da casca de laranja, por meio da destilação com arraste de vapor. Os polímeros testados foram o Polietileno de Alta Densidade (PEAD), o Poliestireno (PS) e o Polipropileno (PP). O PEAD foi escolhido por ser um dos plásticos mais produzidos no mundo. O PS e o PP foram escolhidos por apresentarem características estruturais diferentes do PEAD e para comparação dos resultados. Os polímeros selecionados foram caracterizados quanto a: índice de fluidez (IF), análise termogravimétrica (TGA), calorimetria exploratória diferencial (DSC) e espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR). Os resultados indicaram que o PEAD apresentou a maior estabilidade térmica entre as amostras analisadas, com pico de perda de massa em 483°C, seguido do PP, com perda de massa em 462°C, e o PS, em 424°C. O PP, por sua vez, apresentou o maior índice de fluidez quando comparado aos outros materiais. Os espectros de infravermelho confirmaram as ligações específicas presentes nos três tipos de polímero. Os próximos passos deste estudo serão: colocar os três tipos de plástico (após moagem) em contato com o limoneno (usando diferentes proporções em massa/volume), avaliar as características dos produtos após o contato com o solvente natural e, posteriormente, avaliar a reciclagem e/ou a reutilização dos produtos resultantes.

Título: Avaliação do potencial inibidor das proteínas MDR da própolis verde em cultura de câncer de pulmão da linhagem A549 e H1975
Estudante: Ana Luiza Gaia Folino
Orientadora: Bianca Rocha Sales
Coorientadora:  Thaís Nascimento Kimmemgs
Resumo: O câncer consiste em um conjunto de mais de cem doenças, caracterizado pela divisão desordenada das células e ocasionado por diversos fatores, que geram uma tendência à ocorrência de mutações genéticas nas células, que promovem a ativação ou inativação de importantes genes do ciclo celular. O câncer de pulmão se apresenta como o maior responsável pelas mortes por câncer, tanto no Brasil quanto no mundo, sendo este o responsável por 1.796.144 mortes em 2020. Seu principal fator de risco é o tabagismo, e dentre os diversos tipos de tratamento destacam-se a quimioterapia, a radioterapia e/ou a cirurgia. Dentre os quimioterápicos, a cisplatina é o de maior destaque, entretanto, algumas células apresentam resistência à sua ação, como as das linhagens A549 e H1975. Desta forma surge a questão-problema: como reduzir a resistência das células tumorais de câncer de pulmão ao quimioterápico cisplatina? Um fator responsável pela resistência é o conjunto de proteínas MDR (resistência a múltiplas drogas), que gera bombas de efluxo da droga, impedindo a sua permanência na célula. Além disso, estudos sugerem que a própolis verde apresenta-se como um potencial antitumoral. Assim, acredita-se que adicionar a própolis verde ao tratamento das células não pequenas de câncer de pulmão das linhagens A549 e H1975 traria um efeito sinérgico ao tratamento, a partir do impedimento do efluxo da droga. Para testar tal hipótese serão feitos dois experimentos principais: o ensaio clonogênico para avaliar a morte celular e o q-PCR para avaliar a expressão gênica das proteínas MDR. Ambos terão como base cultura de células em monocamada das linhagens a serem testadas. Os resultados obtidos até aqui sugerem maior ação antiproliferativa da combinação proposta (própolis verde + cisplatina) do que o quimioterápico sozinho, uma vez que na menor concentração de ambos se inibiu em 92% a proliferação celular na linhagem A549. Os testes serão repetidos e a expressão gênica também será realizada.

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