Módulo de História aborda política na América Latina

Publicado em 2 de abril de 2013 às 17:41
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Os professores do Departamento de História do Colégio Dante Alighieri ministraram, em 26 de março, o módulo “Do Bolivarismo ao Chavismo” para alunos da 3ª série do Ensino Médio. Na atividade, foi apresentado aos estudantes um histórico da política na América Latina, com destaque para o cenário da Venezuela no período em que foi governada por Hugo Chávez, político que faleceu em 5 de março deste ano.

O módulo teve início justamente com o professor Jackson Farias fazendo uma comparação da comoção causada pela morte de Chávez com a gerada pelo falecimento de outros líderes da América do Sul – Getúlio Vargas (no Brasil, em 1954) e Evita Perón (na Argentina, em 1952).

Em seguida, Diego Lopez, ex-professor do Dante, que participou do módulo como convidado, falou sobre o Bolivarismo. O líder desse “movimento”, o venezuelano Simón Bolívar, defendia o Pan-americanismo (ou seja, que todas as então recém-independentes nações da América se unissem e fossem solidárias umas às outras).

Entretanto, o projeto de Bolívar perdeu espaço para outro tipo de política: o Caudilhismo, em que a América Espanhola foi dividida em vários países, nos quais líderes carismáticos concentravam o poder. Para atingirem seus objetivos, esses governantes usavam a máquina pública e manipulavam as eleições – o Caudilhismo guarda grandes semelhanças com o Coronelismo, política típica do Brasil.

Apesar desse predomínio do Caudilhismo (teve grande força na Venezuela, Chile, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Argentina), o Bolivarismo, como uma ideia de identidade latino-americana, sempre permeou o cenário político da região.

Tanto que, durante seu governo, Hugo Chávez fez uma adaptação do discurso de Bolívar, chamando de “Revolução Bolivariana” a ideia da América Latina se unir contra o “imperialismo” dos Estados Unidos.

Populismo e Ditaduras

Outro fenômeno político da América Latina estudado no módulo foi o Populismo, que esteve em voga na região entre as décadas de 1930 e 1960. Nele, os governantes utilizavam-se, por exemplo, da concessão de leis trabalhistas e dos meios de comunicação de massa para passarem a impressão de inclusão das camadas mais pobres.

Com a crise do Populismo, as ditaduras militares ganham espaço na América Latina, baseando-se, principalmente, em uma política de repressão e forte violência. No módulo, foram mostrados os casos da Argentina, em que houve fracasso econômico e muitas mortes, e do Chile, onde, apesar de também existir forte autoritarismo, ocorreu um avanço econômico.

O professor Diego Lopez passou, então, a palavra ao professor Lucas Kodama, que abordou a crise e o fim das ditaduras nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente. Além disso, tratou da chegada do Neoliberalismo aos países da América Latina nos anos 1980 e 1990 com políticos como Augusto Pinochet (Chile), Carlos Menem (Argentina), Alberto Fujimori (Peru) e Fernando Collor (Brasil).

Segundo o professor Lucas, a crise do Neoliberalismo, no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, levou políticos de esquerda ao poder em diversos países (Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, e Hugo Chávez, na Venezuela, por exemplo). Assim, os estudiosos questionam qual fenômeno político haveria na região atualmente (Neo-populismo; Neo-socialismo ou Neo-caudilhismo, entre outras possibilidades).

O professor ainda lembrou as crises políticas recentes em países como Honduras (queda de Manuel Zelaya, em 2009) e Paraguai (impeachment de Fernando Lugo, em 2012), antes de entrar com mais detalhes no histórico político venezuelano.

Venezuela 

Em sua explicação, o professor falou do Pacto de Punto Fijo (1958-1988), acordo dos principais partidos políticos da Venezuela concordando em se revezar no poder. Problemas como clientelismo, corrupção e crise econômica acabaram gerando uma crise neste pacto, o que resultou no Caracazo (1989), série violenta de revoltas contra o Neoliberalismo.

Foi neste cenário conturbado que Hugo Chávez ganhou evidência. Em 1992, o então militar tentou dar um golpe para tomar o poder. A tentativa fracassou e Chávez acabou preso. Após ser libertado, partiu para a carreira política e, em dezembro de 1998, foi eleito presidente da Venezuela.

O professor Jackson Farias ficou com a responsabilidade de repassar os anos de Chávez no poder, utilizando-se, para isso, de uma linha do tempo. Nela, destaca-se o ano de 2002, quando a oposição aplicou um golpe e chegou a depor o político por algumas horas. Contudo, não demorou para Chávez retomar seu posto.

De acordo com o professor Jackson, a tentativa de golpe foi um divisor de águas para o Chavismo, com o fortalecimento da figura do governante. Contribuiu para isso, também, o fato de a oposição se recusar a participar de eleições legislativas – pois alegava que Chávez realizava práticas antidemocráticas –, o que abriu caminho para o domínio dos políticos ligados ao governo.

A imagem de Chávez

O professor Christian Gilioti, de Filosofia, participou do módulo abordando os discursos sobre o Chavismo. Ele apresentou as visões da esquerda e da direita e, em seguida, falou sobre as “mil faces do comandante” (o homem de origem pobre; o bolivarista revolucionário; o estadista eleito pelo povo; o eterno mártir; o herói imortalizado), construídas com base no culto à personalidade e no marketing político.

O professor apontou que, de fato, Chávez reduziu a pobreza (de 49,4%, em 1999, para 29,5%, em 2012) e melhorou a distribuição de renda na Venezuela, o que pode explicar o forte apoio popular que conquistou.

Quanto à oposição venezuelana, o professor Christian ressaltou que Henrique Capriles, dono de um conglomerado de comunicação, é o seu principal nome. Além disso, os opositores de Chávez – que agora tentarão desbancar Nicolás Maduro nas eleições presidenciais – buscam reatar uma proximidade com as massas.

Por fim, mostrou a contradição do discurso de esquerda de Chávez, que colocava os Estados Unidos como grande inimigo da América Latina, mas, ao mesmo tempo, exportava grande parte do petróleo venezuelano para os norte-americanos.

Em seguida, teve início o debate com os alunos. Nesse ponto, os professores aproveitaram para dar dicas sobre os vestibulares, em especial, sobre como lidar com eventuais questões que apresentem conteúdo mais ideológico.

“Gostei do modo como o tema foi tratado no módulo e do debate”, afirmou a aluna Sarah Garbelini, da 3ª série H.

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