Categorias: Ensino Médio, Notícias, Premiações
Entre os dias 18 de junho e 8 de julho, estudantes do Ensino Médio provenientes de diferentes partes do mundo se reuniram na cidade de Trento, na Itália, para experimentar a pesquisa científica na prática. Organizada pela Fondazione Bruno Kessler (FBK), importante instituto de pesquisa do país europeu, a WebValley consiste em um “Summer School” com foco em programação e tecnologia. Neste ano, o tema central foi a qualidade do ar em ambientes externos e internos.
Na Itália, o Dante e o Brasil foram representados pelo aluno Murilo Vicari Hadad, da 3ª série C, classificado graças à sua participação na FeNaDANTE (Feira de Ciência e Tecnologia das Nações – Colégio Dante Alighieri) de 2022. Na ocasião, ao lado do colega Alexys Vives Alves, ele foi premiado na categoria “Tecnologia da Informação” com seu projeto desenvolvido no Cientista Aprendiz, cujo objetivo é a criação de um sistema inteligente de semáforos capaz de minimizar os engarrafamentos em centros urbanos.
As atividades ocorreram na escola Istituto Pavoniano Artigianelli, onde foram ministradas por professores da FBK aulas de programação, de interpretação de dados e de química, por exemplo – todas em inglês. Na última semana do programa, os 20 estudantes foram divididos em cinco equipes, para as quais foram atribuídos diferentes desafios. O grupo de Murilo ficou encarregado de desenvolver um site que apresentasse de maneira eficiente os dados sobre a qualidade do ar coletados por sensores da fundação.
Colégio Dante Alighieri: O que você mais gostou de aprender em Trento?
Murilo Vicari Hadad: Gostei muito de estudar sobre CSS (linguagem de formatação de conteúdo utilizada na construção de páginas da internet). Geralmente eu fazia design em plataformas próprias para isso, como o Canva, mas eu não sabia como colocar isso em prática em um site de verdade, então foi muito legal aprender isso. Outra situação interessante foi que consegui recuperar o meu italiano, para conversar com os colegas do meu grupo – três deles eram italianos. No Dante, tive aula de italiano até o 9º ano, só que desde a 1ª série não pratiquei mais e comecei a esquecer. Mas lá na Itália fui lembrando e foi muito legal.
CDA: Qual foi o processo de desenvolvimento do site?
MVH: Eu não tinha muito conhecimento de programação quando cheguei a Trento, então pude aprender muita coisa – tanto de Python quanto de CSS, HTML e JavaScript. Os meus colegas de grupo sabiam programar bastante, então dois deles cuidaram da troca de servidores. Eu e outros dois ficamos encarregados da parte de apresentação dos dados no site. Como gosto muito de design, cuidei da apresentação dessas informações aos pesquisadores da fundação. Criamos uma nova aba completa para a população geral, apresentando os dados mais relevantes e explicando o que eles significavam.
CDA: Como foi se envolver em um projeto sobre qualidade do ar, um problema típico de São Paulo? O que você pôde tirar de aprendizado?
MVH: Foi muito legal porque eu e um participante da Índia, que veio de Nova Deli (uma cidade mais poluída do que São Paulo), pudemos oferecer uma perspectiva diferente sobre o problema. Inclusive, abri a apresentação final dos projetos contando a história de quando o dia virou noite em 2019 por causa das queimadas, e como isso me impactou como pessoa e futuro pesquisador.
Da mesma maneira que eu pude oferecer outro panorama, eles me ensinaram uma coisa que me impactou bastante: a qualidade do ar de locais fechados é tão ruim quanto à de locais abertos. Não existe uma noção de que o ar de dentro de casa pode ser tão ruim (ou pior, dependendo da situação) quanto o de fora. Isso foi muito importante para mim, pois chamou a minha atenção para um problema que nunca tinha passado pela minha cabeça. Tanto que, depois de voltar, eu tenho pensado em jeitos de melhorar a perspectiva em relação a esse problema.
CDA: Como foi a interação com os outros participantes?
MVH: Pude aprender muito com eles. Conhecer pessoas com experiências completamente diferentes da sua é muito legal. Na Itália havia um pessoal que gosta muito de programação e de ciências exatas. Eles são muito curiosos, buscam conhecimento o tempo inteiro e amam isso. Para mim é muito divertido conhecer pessoas assim, e acabamos tendo uma conexão muito forte.
CDA: Qual foi o feedback dado pelos pesquisadores após a apresentação de seu trabalho?
MVH: Primeiro eles disseram que foi muito corajoso termos feito uma demonstração ao vivo (porque eu abri o site e mostrei como funcionava). Foi corajoso porque ainda estava instável e tínhamos acabado de subir o modelo. Depois falaram que tinham gostado muito do design da dashboard que fizemos para o público geral, que havia ficado até mais fácil para eles verem os dados que estavam sendo mostrados. Além disso, elogiaram as melhorias implementadas (mudança de databases, implementação de mapas com a localização das estações de coleta, novo sistema de caching), que fizeram o sistema ficar mais ágil e fácil de ser usado. Inclusive, por causa da mudança de database, eles conseguiram colocar dados de mais seis estações de pesquisa, porque a nova database comporta muito mais dados.
CDA: Sua experiência no Cientista Aprendiz ajudou na participação na WebValley?
MVH: Sim, muito. É importante nesse tipo de projeto ter uma metodologia muito certa para não ter espaço para erro, porque você não tem tempo para errar muito. Desde que entrei no Cientista, em 2019, cometi vários erros, mas fui aprendendo a me planejar para que esses erros não acontecessem novamente, e isso é muito importante. Foi uma habilidade que adicionei ao grupo e ajudou muito.
