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Sempre atento às possibilidades de uso da inovação tecnológica como ferramenta para potencializar o ensino, o Colégio Dante Alighieri proporcionou aos seus coordenadores, professores e alunos do Comitê Gestor Discente e da oficina Dante em Foco palestra e demonstrações sobre a tecnologia de impressão 3D, em 28 de maio. As diretorias Executiva e Pedagógica convidaram o Prof. Dr. Jorge Lopes para um Workshop com o fim de promover o desenvolvimento de aplicações pedagógicas da impressão 3D. Jorge Lopes é titular e professor do programa de pós-graduação em Design da PUC-RJ, pesquisador e coordenador do Núcleo de Experimentação Tridimensional da PUC-RJ e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia do MCTI.
Jorge teve seu primeiro contato com impressoras 3D em 1996. Anos depois, obteve o grau de doutor em Product Design na Inglaterra, tendo como orientador Ron Arad, justamente um dos designers pioneiros na utilização da chamada Manufatura Aditiva, ou prototipagem rápida. Hoje PhD em Product Design (com ênfase em medicina) pela Royal College of Art, da Inglaterra, Jorge é um dos sócios da empresa Tecnologia Humana 3D, instalada, desde 2011, na incubadora de base tecnológica do Instituto Nacional de Tecnologia, órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Lá, são desenvolvidos projetos e pesquisas sobre modelagem tridimensional física e virtual que podem ser aplicados a áreas como arqueologia, artes, design, engenharia, esportes, geologia, medicina e paleontologia.
Entre seus projetos, Jorge destaca o método pelo qual, a partir de exames de ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia computadorizada, imagens de fetos são captadas, convertidas em modelos matemáticos e transformadas em modelos 3D, processo que patenteou em 2009. Assim, os pais têm às suas mãos uma réplica em plástico e do tamanho real do seu bebê antes de ele nascer.
Esse método tem um viés humanitário, pois já foi aplicado a casos de mães cegas, que podem, assim, sentir as formas do filho.
Lógica da impressão 3D
Segundo Jorge, há vários tipos de impressora 3D, que utilizam os mais variados materiais, como plástico, cerâmica e metal. Contudo, ele afirmou que a lógica é a mesma. “Consiste na obtenção de um arquivo 3D por meio de scanner (laser, luz branca ou kinect), tecnologia médica não invasiva (ressonância magnética, por exemplo) ou softwares de modelagem 3D. Esse arquivo pode ser utilizado para uma simulação virtual ou para a impressão 3D, que se dá pela deposição camada a camada”, explicou.
O professor Jorge destacou a rápida evolução da prototipagem rápida, antes vista como uma tecnologia de difícil acesso popular. Contudo, em 2012, já surgiu a primeira loja de impressoras 3D.
Hoje, a tecnologia permite estudos sobre questões da medicina, como a má formação do feto na gravidez e análises da artéria aorta (exemplos citados por Jorge). Além disso, segundo o pesquisador, a impressão de órgãos do corpo humano também já está em estágio avançado, mas esbarra em questões éticas.
Educação e indústrias
Em sua fala, o professor Jorge ressaltou a importância da disseminação da tecnologia, com ênfase para o ensino de programação nas escolas. “No Reino Unido, a programação já é disciplina obrigatória na escola. Acho que o Brasil tem que investir nisso. Por isso, a iniciativa do Colégio Dante Alighieri de ter um grupo de programação (NIDe – Núcleo de Inovação e Desenvolvimento) é fantástica”, afirmou. “Hoje, já há impressoras 3D para crianças, e isso é importante porque essa tecnologia dá liberdade para a criação”, completou.
Para Jorge, além da educação, a impressão 3D pode impactar todo o modelo de negócio da indústria hoje existente. “A impressão 3D quebra de uma vez a produção, a distribuição e a logística da indústria, pois qualquer um pode produzir um objeto”, afirmou. Segundo o pesquisador, o sistema digital poderá ser o responsável pela quarta Revolução Industrial, por sinal, tema de uma pergunta do público presente.
Por fim, Jorge frisou que o Brasil precisa parar de apenas consumir produtos tecnológicos e passar também a produzi-los.
Escaneamento
Após encerrar sua fala, Jorge convidou alguns alunos que assistiam à palestra para que tivessem suas imagens transformadas em arquivos 3D. Assim, Gerson da Silva Ribeiro, que participa dos grupos de estudo de Jorge na PUC-RJ, utilizou um aparelho kinect para escanear os estudantes dantianos.
Francisco de Rezende Martins, designer de produtos e pesquisador do projeto “Fabricação Digital”, do setor de Óleo e Gás do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), que também trabalha com Jorge, pediu a palavra para falar sobre a visita à Escola.
“O Colégio Dante Alighieri está buscando se encaixar nessa nova realidade tecnológica. Gosto de trabalhar com o Jorge porque ele sempre fala que a tecnologia depende de pessoas. Então, diria para vocês cruzarem esses conhecimentos sobre essa tecnologia com alunos de escolas que possuem menos recursos”, disse.
O professor Jorge também falou sobre a oportunidade de palestrar para os dantianos. “Acho incrível poder falar sobre esse assunto em uma escola. Talvez seja o lugar mais importante para se falar, pois aqui está a nova geração que utilizará muitos desses conhecimentos”, disse.
A professora Valdenice Minatel, coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional, demonstrou a satisfação dos dantianos com a palestra. “Tivemos uma tarde muito inspiradora, de mudanças de paradigmas. Foi importante para nos ajudar a pensar como a tecnologia pode impactar o aprendizado”, disse.
Encerrando o evento, a professora Silvana Leporace agradeceu aos palestrantes e ao Sr. Mario Barra por ter sugerido o encontro, destacando o interesse do Colégio em abrir o leque do uso pedagógico dessa tecnologia.
Novas tendências
Fundador, ex-presidente e membro da diretoria da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras) e diretor adjunto do Colégio, o Sr. Mario Barra tomou contato com o trabalho dos pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia e da PUC-RIO ao organizar o XIII Congresso sobre Inovação Tecnológica em Vitória-ES. Entusiasmado com a experiência, propôs a realização desse Workshop com Jorge Lopes por entender que impressão 3D é uma tecnologia portadora de futuro. “No Colégio, sempre pesquisamos novas tendências para preparar cidadãos para o futuro. Daqui a 5, 15 ou 25 anos, certamente esse tipo de tecnologia estará sendo utilizada em larga escala. Assim, surgiu a ideia de debater junto aos professores e alunos alternativas e um novo paradigma de revolução industrial”, explicou, demonstrando satisfação com o resultado da palestra.
“Achei extremamente importantes as reações positivas dos professores e dos alunos. Eles puderam ouvir o depoimento de um pesquisador de altíssimo nível, que é acessível, passa as informações em uma linguagem simples e tem o espírito inovador. Aliás, todos nós acreditamos em inovação como elemento-chave que nos levará à construção de um mundo melhor e mais sustentável”, completou o Sr. Mario Barra.
Impressão 3D no Dante
Há um ano e meio, o Dante possui uma impressora 3D em que se podem elaborar modelos feitos de plástico ABS. “Atualmente, temos uma impressora sendo usada para as oficinas de Robótica e em Física, mas a ideia é ampliar esse uso. Já existem alguns projetos em parceria com os departamentos de Biologia e de Artes e Design. No momento, os alunos do GEETec (Grupo de Estudos Experimentais) estão desenvolvendo modelos em 3D para distribuir na feira de que participarão no Canadá (First Lego League – FLL). As peças 3D serão uma forma de representação do grupo e foram criadas pelos próprios alunos”, afirmou a coordenadora do Departamento de Tecnologia Educacional do Colégio, profa. Valdenice Minatel.
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