Dante recebe seminário sobre mudanças na Educação

Publicado em 10 de junho de 2014 às 19:39
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O Colégio Dante Alighieri sediou, na noite de 27 de maio, o seminário semestral da Academia Paulista de Educação (APE), cujo tema foi “O PNE e a Formação do Professor do Futuro”. A cada evento da Academia, há um debate sobre os rumos atuais nesse campo e sobre possíveis soluções e inovações. Desta vez, o encontro deu atenção ao panorama atual da formação curricular de pedagogos e à urgência da execução do Plano Nacional de Educação (PNE).

O responsável pela abertura do evento foi o ex-professor do Dante e presidente da APE, professor Paulo Nathanael Pereira de Souza, que, ao fim do encontro, recebeu uma medalha de honra das mãos do presidente do Colégio, dr. José de Oliveira Messina. Em sua fala, o professor Paulo abordou dificuldades na execução do PNE, referência que deve ser atualizada a cada dez anos, mas que, desde a promulgação da nova Constituição Federal, nem chegou a entrar em vigor. “Este século também não conheceu o PNE até agora. O plano de 2001 a 2010 foi vetado. O de 2011 a 2020 foi concluído em dezembro de 2010, mas até hoje tem pendências e não começou a ser executado”, disse.

O responsável pela condução do evento foi o presidente do Conselho Municipal de Educação, e acadêmico da APE, prof. dr. João Gualberto de Carvalho Meneses. Estavam presentes, como debatedores, a diretora-geral pedagógica do Dante, professora Silvana Leporace, e os também acadêmicos da APE prof. dr. Wander Soares e profª. dra. Márcia Ligia Guidin.

Paulo também fez menção ao papel central dos docentes. Ressaltando que o aprendizado não se limita aos muros das instituições de ensino, ele destacou que o professor é uma peça de extrema importância para o suporte no aprendizado dos alunos. “É certo que as aulas podem ocorrer dentro ou fora da escola, com filosofias aceitáveis ou condenáveis, mas devemos contar com a presença inevitável e indispensável do professor. E, nos dias de hoje, ele ainda pode recorrer a novas tecnologias como meio de garantir que os estudantes não se tornem meras máquinas de aprender.”

A pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e vice-presidente da APE, profª. dra. Bernadete Gatti, foi uma das palestrantes. Em sua apresentação, chamada “Formação de professores no Brasil: dilemas”, focou resultados de pesquisas que realizou nos últimos anos para entender defasagens na formação de professores e sugerir melhorias para o oferecimento de uma carreira mais atraente.

Antes de falar da formação de professores, ela mencionou pontos referentes à infraestrutura imprópria da Educação em diversas partes do país e apontou números preocupantes sobre brasileiros que não concluem o Ensino Fundamental e sobre jovens de 15 a 17 anos que não vai à escola.

Relativamente à formação dos professores, a professora lembrou como a qualificação inadequada também pode resultar em um nível impróprio de educação. “Não há possibilidade de haver mais qualificação do ensino se não tivermos professores qualificados. É claro que temos nichos de bom atendimento, mas precisamos pensar no Brasil todo. Temos muitos programas, mas pouca integração nessas políticas”, afirmou.

Bernadete buscou ainda refutar o que seria uma crise na formação inicial dos professores, e, para exemplificar, comentou que apenas uma pequena parte da composição curricular de algumas graduações é pedagógica. “O que temos em alguns cursos, como Biologia e Letras, é 10% da grade destinada a questões pedagógicas. Esse é o valor mínimo exigido na legislação.”

Antes de encerrar, a professora observou que a postura dos alunos de hoje em dia mudou bastante, tendo em vista a amplitude das possibilidades concedidas pelo advento de novas tecnologias. “Os novos alunos não são mais passivos, então a dinâmica dos professores também precisa mudar.”

O secretário de Educação do Município de São Paulo, prof. dr. César Callegari, priorizou a explanação de pontos do PNE a seu ver cruciais. Antes disso, ele demonstrara como a educação de baixa qualidade pode resultar em benefícios a uma minoria controladora. “A sonegação da educação é vista como ferramenta eficaz de controle social e de opressão pela parte homogênea”, declarou.

Para ele, no entanto, a desigualdade está começando a dar lugar a melhorias institucionais. “Essa realidade está mudando. Hoje em dia, muito mais pessoas veem a educação como um caminho inevitável para o país se sustentar de maneira justa. Apesar de todos os problemas pontuados pela Bernadete, temos, agora, uma possibilidade formativa para o brasileiro que não existia há 15, 20 anos”, afirmou. “As famílias não tinham a menor perspectiva de ver um parente no ensino superior. É claro que também precisamos analisar a qualidade desse ensino atualmente, mas certamente há uma mudança.”

Sobre o PNE, Callegari fez notar elementos que considerou óbvios, sem deixar, contudo, de dar relevo à participação de outras estâncias governamentais. “O plano não é só nacional. Os governos estadual e municipal também devem participar e colaborar com ideias e atitudes”, afirmou. “Há alguns pontos a se discutir no plano. A pedra angular da educação para a criança é a alfabetização, e o PNE determina que a idade máxima para ela estar alfabetizada é 8 anos. Mas não é meio óbvio que as crianças devem estar alfabetizadas nessa idade?”, concluiu.

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