CineDante exibe ‘Gravidade’ e recebe especialistas

Publicado em 10 de novembro de 2014 às 16:08
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O Colégio Dante Alighieri realizou, em 19 de setembro, uma sessão especial do CineDante, encontro no qual alunos assistem a um filme e debatem o tema nele abordado. Desta vez, alunos do 9º ano do Ensino Fundamental receberam três convidados especiais: o astrônomo Marcos Calil, o pesquisador Jeferson Botelho de Oliveira e o jornalista Salvador Nogueira*. A película da vez foi “Gravidade”, filme dirigido por Alfonso Cuarón, lançado em 2013 e ganhador de sete Oscars.

A ficção começa retratando uma missão espacial da qual fazem parte uma engenheira médica (Sandra Bullock) e um astronauta (George Clooney), entre outros profissionais. Com a explosão de um satélite russo, os detritos do aparelho comprometem a missão estadunidense, e os dois personagens se veem obrigados a encontrar meios para sobreviver.

O trailer do filme pode ser visto a seguir:

Findada a apresentação, os três especialistas fizeram breves exposições para explanar o que pode ser compreendido como ficção ou como plausível. Segundo eles, muito do que se considera como impossível no filme poderia ser creditado à decantada “margem” de liberdade artística, recurso aplicado para, por exemplo, tornar o filme mais dinâmico. No entanto, apesar da licença estilística, outras sequências narrativas chamam a atenção.

Um dos pontos abordados pelo professor Marcos Calil tem a ver com geopolítica: no filme, toda a complicação na missão dos Estados Unidos, e também em outra missão, realizada pela China, ocorre pelo fato de a Rússia ter destruído, voluntariamente, um de seus próprios satélites – sendo que, na verdade, a Rússia é a única dos três países a nunca ter feito isso. “O primeiro país a explodir um satélite próprio foi a China, em 2007. Os Estados Unidos fizeram o mesmo com um satélite espião em 2008. E os russos nunca fizeram isso”, disse.

Sobre o impacto resultante da explosão de objetos no espaço, Salvador Nogueira atestou a existência de um temor. “Na hora em que um satélite explode no espaço, seus restos se espalham. É por isso que há o grande medo de haver uma reação em cadeia. Somos educados a pensar nas explosões como algo que não oferece perigo, mas, na pior das hipóteses, podemos ficar impedidos de explorar o espaço pelo excesso de lixo. Atualmente, as agências espaciais estão trabalhando para remover essas peças”, explicou.

Calil também comentou que as estações e satélites costumam se situar em alturas variadas, fazendo com que, se um grande aparelho explodir, seus restos possam seguir orbitando o planeta sem oferecer risco direto a outras missões. E aí surgiu a primeira questão dos alunos: por que um país explodiria o seu próprio satélite? “Por diversas razões. Uma delas é evitar que o satélite caia em outro país, para não deixar a sua tecnologia com outros governos”, disse Salvador.

Jeferson, que também atua no campo da astrobiologia (que busca por mundos extraterrestres potencialmente habitáveis e por novas formas de vida) já integrou uma equipe que investigou um objeto espacial sobre cuja procedência não se tinha, a princípio, nenhuma indicação. “Estávamos em Campinas, e o objeto caiu em Tatuí. Constatamos que não era um meteorito, pois não era pesado, e a suspeita recaiu no lixo espacial. De fato, era parte de um satélite espião militar chinês”, relatou.

Outra dúvida levantada pelos alunos consistia na pertinência dos investimentos de grandes países em programas espaciais, como a missão dos Estados Unidos em direção à lua, com o Projeto Apollo. Salvador elucidou a dúvida. “Ir à lua não serve para nada? Rigorosamente, não. Mas o projeto levou os Estados Unidos a tentar, constantemente, reduzir o tamanho dos computadores de bordo. E o resultado disso está no bolso de vocês hoje. Seus celulares são muito mais rápidos do que os computadores daquela época”, afirmou.

Os três especialistas elogiaram a atenção que o Dante dá às pesquisas científicas e à astronomia. Jeferson elogiou, por exemplo, a postura dos alunos no tocante à curiosidade. “Vocês têm um bom olhar e estão de parabéns. Esse tipo de interesse traz bons frutos, mas, infelizmente, muitos em sua idade não recebem estímulo da instituição em que estudam e de seus pais”, afirmou.

Marcos disse não conhecer outras instituições brasileiras que realizem trabalhos semelhantes ao Dante nesse âmbito. “Nunca encontrei, no Brasil, a proposta que vejo aqui no Dante. Vocês não são uma simples esponja absorvendo as informações, pois estão produzindo trabalhos investigativos na pré-iniciação científica. Isso fará uma grande diferença em suas vidas”, disse.

“Quanto mais cedo vocês trabalharem com essa pró-atividade, melhor. Essa é uma grande iniciativa. A astronomia, por exemplo, supre a necessidade que o ser humano tem de entender contextos. O que faz a humanidade ser fantástica é a sua curiosidade”, concluiu.

*Marcos Calil é professor com mestrado e doutorado em História da Ciência. Coordenador científico do Planetário Johannes Kepler, ele também será o responsável pelo Grupo de Astronomia do Colégio Dante Alighieri (GACDA) em 2015. Jeferson Botelho de Oliveira é professor com mestrado em Geologia Sedimentar e Paleontologia, doutorado em Metodologia de Ensino de Ciências e Matemática e pós-doutorado na área da Educação. Salvador Nogueira é jornalista com grande conhecimento em astronomia, tema de seu blog segmentado na Folha, Mensageiro Sideral, e autor do livro ‘Extraterrestres’, destinado à reflexão sobre o que se sabe ou não, até hoje, no tocante à possibilidade de haver vida fora da Terra.

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