PROJETOS

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INIBIDOR DA PRÓPOLIS VERDE SOBRE AS PROTEÍNAS MDR EM CULTURA DE CÉLULAS DE CÂNCER DE PULMÃO DA LINHAGEM A549 E H1975

Área do projeto: Ciências da Saúde
Alunos(as): Ana Luiza Gaia Folino
Prof.(a) Orientador(a): Bianca Rocha Sales
Coorientador(a): Thaís Nascimento Kimmemgs
Cientista Qualificada: Mariane Tami Amano

Ano: 2022

Premiações

Resumo

O câncer consiste num conjunto de mais de cem doenças, caracterizado pela divisão desordenada das células e ocasionado por diversos fatores, que geram tendência à ocorrência de mutações genéticas nas células, promovendo a ativação ou inativação de importantes genes do ciclo celular. O câncer de pulmão se apresenta, então, como o maior responsável pelas mortes por câncer, tanto no Brasil, quanto no mundo, sendo este o responsável por 1.796.144 de mortes no mundo em 2020. Seu principal fator de risco é o tabagismo e dentre os diversos tipos de tratamento destaca-se a quimioterapia, sendo a cisplatina o principal quimioterápico. É sabido que um dos principais responsáveis pela quimiorresistência é o complexo proteico de resistência às múltiplas drogas, ou MDR (sigla em inglês para Multidrug resistance). Nesse contexto, surge a questão-problema desta pesquisa: como reduzir a resistência das células tumorais de câncer de pulmão ao quimioterápico cisplatina? Partindo do pressuposto de que um dos principais responsáveis pela quimiorresistência é o conjunto de proteínas MDR que gera bombas de efluxo da droga, inviabilizando sua ação seria uma possível solução para a questão dada. Sabendo também, pela literatura, que a própolis argélica foi capaz de inibir tais proteínas acredita-se que a própolis verde, um produto da megabiodiversidade brasileira possa apresentar também a capacidade de inibir as proteínas desse complexo. Além disso, outros estudos já sugerem a própolis verde como potencial anti-tumoral. Dessa forma, acredita-se que adicionar a própolis verde ao tratamento com cisplatina de células não pequenas de câncer de pulmão das linhagens celulares A549 e H1975, traria um efeito sinérgico ao tratamento, a partir do impedimento do efluxo da droga, pois essa teria um efeito semelhante ao da própolis argélica. Para testar tal hipótese foram cultivadas células in vitro em monocamada das linhagens celulares A549 e H1975, ambas derivadas de câncer de pulmão de células não pequenas. Diferentes grupos experimentais com as variáveis isoladas foram propostos: um grupo de teste composto apenas pela cisplatina (1 µM), outro composto apenas pela própolis verde a 35 µg/ml e outro com a mesma substância no dobro da concentração (70 µg/ml), também foram testadas as variáveis combinadas (cis + pp) nas concentrações já mencionadas (cis 1 µM + pp 35 µg/ml e cis 1 µM + pp 70 µg/ml), e o grupo controle foram submetidos ao ensaio de proliferação celular durante 72 h. Os resultados obtidos até o momento indicam maior ação anti-proliferativa da combinação proposta (cis + pp), do que o quimioterápico sozinho para ambas as linhagens celulares, sendo que apenas nas células da linhagem H1975 há diferença estatística entre os combinados. Na linhagem A549 submetida a combinação cis 1 µM + pp 35 µg/ml inibiu em 92% (DP ±1.07) a proliferação celular, enquanto a concentração mais alta inibiu em 92,7% (DP ±1.09), em contrapartida a cisplatina isolada inibiu a proliferação em 75% (DP ±3.38). Já nas células H1975 a combinação a concentração mais baixa da própolis inibiu em 73,4% (DP ±1.58) a proliferação, enquanto a concentração mais alta inibiu em 81,6% (DP ±1.57), em contrapartida a Cisplatina isolada inibiu a proliferação em 55.24% (DP ±8.42). Esses dados sugerem que, de fato, o efeito do quimioterápico pode ter sido potencializado, embora por si só a própolis verde seja capaz de impedir a proliferação celular. Nessa perspectiva, as células de ambas as linhagens serão submetidas aos diferentes tratamentos e após o período de incubação será realizada análise da expressão do gene MDR1 responsável por codificar a glicoproteína-p, principal proteína do complexo MDR, para verificar se é via inibição desta que o tratamento na combinação é mais efetivo, uma vez que por si só a própolis verde é capaz de inibir a proliferação celular.