PROJETOS

UMA AMEAÇA MICROSCÓPICA COM IMPACTO MACROSCÓPICO – FORMAS DE LOCALIZAÇÃO NO SOLO E SUA INFLUÊNCIA NO CULTIVO DO TOMATEIRO Solanum lycopersicum cv. MICRO-TOM

Área do projeto: Agronomia
Alunos(as): João Miguel Grossmann Sastre
Prof.(a) Orientador(a): Nilce de Angelo
Cientistas qualificada: Dra. Marissol Rodrigues Felez

Ano: 2022

Premiações

Resumo

Microplásticos são partículas plásticas menores que 5 mm. Os produtos plásticos são usados pela maioria das sociedades em todo o mundo e sua produção aumentou dramaticamente desde seu desenvolvimento comercial iniciado na década de 1950, com mais de 335 milhões de toneladas produzidas globalmente. Em 2016, com isso, a poluição causada pelos microplásticos (MP) também aumentou (European Association Plastic, 2016). Os MP´s são produzidos de maneiras intencionais, como pellets virgens, plásticos de pré-produção, microesferas de produtos cosméticos, abrasivos usados em jateamento de ar / água para limpeza e como pós para moldagem por injeção, remédios ou tinta para impressoras 3D. Os meios não intencionais de produção de MP’s, incluem fragmentação de produtos macroplásticos por exposição à luz solar, ação mecânica, interação animal ou de biossólidos e efluentes de Estações de Tratamento de Águas Residuais. Estes MP’s então, entram em oceanos, rios e lagos causando a sua poluição. Muito se tem falado sobre os impactos ambientais causados pelos MP´s nos corpos d'água (rios e oceanos), mas no solo também há uma alta quantidade de poluição micro plástica, por exemplo, um estudo divulgado pela Universidade de Berna revela que foram encontradas 53 toneladas de MP´s depositados em áreas de várzeas de rios de reservas naturais da Suíça. Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, mostra que “a presença de microplásticos pode interromper o crescimento de minhocas e até causar perda de peso, o que pode ter um sério impacto no ecossistema do solo”, embora as razões para a diminuição de seu peso ainda estejam sendo estudadas. As superfícies de pequenos fragmentos de plástico podem transportar organismos que causam doenças, atuando assim como um vetor, transportam metais pesados, como chumbo e mercúrio, e hidrocarbonetos. Foram encontrados microplásticos também em fezes humanas, sendo indício de que entraram em nossa cadeia alimentar, podendo causar inúmeras doenças como, doenças cardíacas, infertilidade nas mulheres e até mesmo câncer. Pouco se sabe sobre a cascata de eventos em níveis fundamentais dos ecossistemas terrestres, ou seja, começando com as mudanças nas propriedades abióticas do solo e propagando-se através dos vários componentes das interações solo-planta, incluindo comunidades microbianas do solo e características das plantas. As mudanças variam de acordo com o tipo de MP, por exemplo, partículas mais semelhantes com as partículas do solo, geram menos impacto, e partículas com mais diferenças geram um impacto maior. Esta pesquisa tem o objetivo de identificar uma porcentagem de microplásticos em relação à quantidade de substrato utilizado para plantio do tomateiro, Lycopersum esculentum CV - Micro Tom, capaz de impactar o seu crescimento e desenvolvimento. Para tal, após a germinação das sementes da planta, os brotos foram divididos em grupo controle e grupos experimentais. As plantas foram transferidas para vasos com quantidades idênticas de substratos. Os grupos experimentais receberam os microplásticos em diferentes proporções. A partir de então, foram realizadas, em intervalos regulares de tempo, medidas de controle de crescimento como altura do ramo principal, área foliar e quantificação do número de ramos e folhas. Luminosidade e manejo das plantas foram padronizados. Observando os resultados obtidos até o momento, foi possível observar que as plantas do grupo experimental sujeito à maior concentração de microplástico no substrato, estão tendo um desenvolvimento melhor em relação às plantas dos outros dois grupos. Considerando que os diferentes grupos de plantas foram sujeitos às mesmas variações ambientais e o único modificador entre os grupos foi a concentração do microplástico no substrato, é válido acreditar que este atuou positivamente no crescimento dos indivíduos. Isto é ressaltado ao vermos que as plantas do grupo com concentração intermediária de microplástico no substrato (Experimental 1) também tiveram um melhor desempenho em comparação com as plantas do grupo controle. Isso nos leva a crer que o microplástico causou uma melhora de alguma forma. Não se sabe ainda como isso pode acontecer. Ainda foi observado que no manejo das plantas, ao regar o substrato, o microplástico, por ser menos denso que a terra, sobe e se acumula na superfície do substrato, conferindo assim, alguma proteção adicional às raízes, porém tudo ainda está no campo hipotético. Pretende-se complementar essa investigação trabalhando in vitro, tentando assim, controlar maior das variáveis externas.