PROJETOS

O desenvolvimento adolescente possui aspectos cognitivos, sociais e emocionais, e estes se relacionam fortemente com seu desenvolvimento moral, isto é, em sua capacidade em agir por dever e responsabilidade. A experiência familiar de um jovem altera significativamente seu desenvolvimento, por isso este projeto de pesquisa os relaciona com os conflitos interparentais. De acordo com o IBGE, mais de 50% dos casais divorciados em 2019 possuía filhos menores de idade, além dos casos de violência doméstica terem aumentado em 30% no Estado de São Paulo durante a quarentena proveniente da pandemia do COVID-19, segundo o MPSP. Será que os adolescentes poderiam obter um crescimento moral e atingir um comportamento majoritariamente ético, se expostos aos conflitos interparentais? é plausível acreditar que sim, visto que há pesquisas que abordam os conceitos de crescimento pós-traumático e de coping indicando a possibilidade de se obter crescimento desenvolvimental após eventos vistos como negativos e estressantes (BUSNELLO et al, 2009; CALHOURN et al., 2000). Através de um questionário subdividido em três partes (análise de perfil, do comportamento ético e de possíveis conflitos interparentais) pretendeu-se esclarecer quais fatores e circunstâncias de risco e de proteção estavam correlacionados com os comportamentos heterônomos e autônomos. O resultado demonstra que a hipótese da pesquisa foi confirmada, tendo em vista que são situações específicas dos conflitos interparentais e do perfil que apresentaram correlação com o crescimento ético. Foi visto na coleta de dados que existe uma correlação direta entre ser uma adolescente mulher e possuir um comportamento predominantemente ético. Na análise qualitativa discute-se os dados também associando o desenvolvimento ético das adolescentes mulheres com a questão da socialização feminina. Temos como conclusão de que ser uma adolescente mulher é um fator de proteção, e, além disso, o adolescente que tem uma maior infraestrutura socioemocional e acadêmica, característica por vezes associada a outras variáveis e por vezes isolada, também tem seu comportamento ético impulsionado. Também foi visto na conclusão que sentir culpa pelos conflitos dos pais e não se sentir capaz de intervir nas brigas caracterizam circunstâncias e fatores de risco, os quais não impulsionariam o comportamento ético e poderiam até prejudicá-lo.