PROJETOS

MODULAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL COMO ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO DE LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA

Área do projeto: Ciências da Saúde
Alunos(as): Clara Pedreira Tavares Mendes e Giovana Fiorese Meneghetti
Prof.(a) Orientador(a): Bianca Rocha Sales

Ano: 2021

Premiações

Resumo

A leucemia linfoide aguda (LLA) se inicia na medula óssea devido à falha na apoptose dos linfócitos, uma das células responsáveis pela defesa do organismo. Essa falha gera a formação de linfoblastos, que são linfócitos imaturos que não cumprem sua função normal. Os linfoblastos que surgem após essa etapa, possuem mutações e se multiplicam incontrolavelmente, se acumulado na medula óssea e interferindo na produção das demais células sanguíneas. O risco de desenvolver LLA é maior em crianças de até 5 anos, após essa idade o risco diminui lentamente até em torno dos 20 anos e aumenta gradualmente até os 50 anos, também é ligeiramente maior em homens que mulheres e maior em pessoas brancas do que negras. A LLA pode ocorrer em maior frequência em pacientes portadores de outras doenças, como distúrbios genéticos ou imunodeficiência, mas na grande maioria dos casos não há uma explicação causal possível. Irmãos de crianças com LLA têm um risco de 2 a 4 vezes maior de também apresentarem LLA em relação à população geral e este risco ainda se multiplica nos gêmeos idênticos. O Instituto Nacional de Câncer estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 5.920 casos novos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres. Crianças em tratamento têm um alto índice de cura, chegando a 90%, e cerca de 50% dos adultos que realizam o tratamento, entram em remissão completa. Os tratamentos mais comuns são a terapia alvo, o transplante de células-tronco, a imunoterapia e principalmente, a quimioterapia. Porém, no corpo humano existem aproximadamente 40 trilhões de microorganismos que juntos formam a microbiota humana. Desses, a grande maioria está no trato gastrointestinal e são bactérias. Durante a quimioterapia e a radioterapia contra a LLA, geralmente há uma diminuição da diversidade bacteriana, principalmente do filo bacteroidetes, no entanto, acredita-se que algumas bactérias desse filo, como Ruminococcaceae ou espécies do gênero Faecalibacterium spp., ajudam a manter a integridade da barreira intestinal e, portanto, impedem a translocação de bactérias para a circulação sanguínea. Então é possível que haja essa translocação e que ela prejudique o tratamento contra a LLA, já que existe a possibilidade de que o sistema imune direcione sua atenção para as infecções que podem ocorrer na corrente sanguínea, ao invés de combater o câncer. Além disso, pode ser que as bactérias tenham alguma reação que diminua a efetividade dos quimioterápicos, por isso pensamos que encontrando uma estratégia de tratamento que modulasse a microbiota, a quimioterapia contra a LLA se tornaria mais eficaz. Nesse sentido, emerge a questão de pesquisa deste projeto: como a modulação da microbiota intestinal pode potencializar o tratamento de indivíduos com LLA?