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CONEXÃO CÉREBRO-INTESTINO: A RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO, MICROBIOTA INTESTINAL E UMA DIETA RICA EM FIBRAS β-glucano

Área do projeto: Ciências da Saúde
Alunos(as): Cecília Balarin de Siqueira e Marcella Agostini Rocchiccioli
Prof.(a) Orientador(a): Bianca Rocha Sales
Prof.(a) Coorientadora(a): Marjorie Marini

Ano: 2021

Premiações

Resumo

A depressão clínica é um distúrbio mental caracterizado pela tristeza persistente, que pode levar até mesmo ao suicídio. A doença ocorre devido ao déficit de alguns dos principais neurotransmissores, como a serotonina. De 2010 a 2015, o número de casos cresceu 18,4% e estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram do transtorno. Muitos pesquisadores têm procurado relacionar suas vertentes de trabalho com a depressão, buscando tratamentos mais eficazes, novos meios de diagnóstico, entre outros. Uma das áreas que tem obtido grande sucesso é a da microbiota intestinal (MI). A MI é composta por um conjunto de microorganismos que habitam o intestino humano, desempenhando os mais diversos papéis, desde o auxílio na digestão de alimentos até a síntese de vitaminas e produção de neurotransmissores. Há indícios, também, de uma relação entre a depressão, o consumo regular de alimentos com altos níveis de fibras e a MI, contudo o projeto se direciona especificamente ao consumo de fibras β-glucano, as quais estão fortemente presentes na dieta básica da maior parte dos brasileiros. Nesse contexto, a questão de pesquisa é: qual a relação entre o metabolismo da fibra β-glucano e o transtorno depressivo? Acredita-se que seria possível explicar o porquê de uma dieta rica em fibras estar inversamente correlacionada à presença do transtorno depressivo a partir do metabolismo de fibras β-glucano efetuado por diferentes espécies que compõem a MI. O primeiro passo para testar esta hipótese foi realizar uma seleção das bactérias da microbiota a serem investigadas. Então, foram delimitados os genes bacterianos da β-glucanase, que serão utilizados na próxima etapa. Nela, será testado, por meio de uma análise bioinformática, se o genoma das bactérias reduzidas nos indivíduos depressivos apresenta semelhanças a esses genes da β-glucanase. Desta forma, indicando que essas bactérias também seriam capazes de metabolizar a fibra β-glucano e conectando a depressão e a MI ao consumo destas fibras. Na coleta de dados foram definidas, primeiramente, três bactérias que apresentam-se reduzidas nos indivíduos depressivos. Em seguida, por meio da análise do genoma da enzima β-glucanase, foram selecionadas 58 bactérias que apresentam o gene para produção da enzima. Destas, 49 bactérias foram descartadas por não fazerem parte da MI ou por possuírem grande potencial patogênico. As bactérias restantes, então, serão submetidas a uma análise genômica para que seja possível verificar se as bactérias que apresentam-se reduzidas nos indivíduos depressivos e que estão ligadas a saúde e bem estar também possuiriam o gene para a produção desta enzima, tornando-as capazes de metabolizar as fibras β-glucano. Os dados obtidos até o momento apontam que nove bactérias residentes da MI humana apresentam o gene bacteriano da enzima capaz de metabolizar a fibra β-glucano. Entretanto, ainda não há um conjunto de evidências suficiente para corroborar ou refutar a hipótese adotada.