PROJETOS

ECOLOCALIZAÇÃO INCLUSIVA: DISPOSITIVO PARA CEGOS BASEADO EM PREFERÊNCIAS DE USABILIDADE

Área do projeto: Ciências sociais e tecnologia
Alunos(as): Mariana de Viglio Trindade
Prof.(a) Orientador(a): Tiago Bodê
Prof.(a) Coorientadora(a): Sandra Tonidandel

Ano: 2021

Premiações

Resumo

Há aproximadamente 6,5 milhões de deficientes visuais no Brasil. Dentre os inúmeros desafios, essas pessoas apresentam grande dificuldade de orientação e localização espacial, uma vez que precisam tatear os obstáculos presentes na maioria dos espaços públicos para conseguirem se locomover. No entanto, sabemos que algumas espécies de seres vivos, tais como morcegos, baleias e golfinhos, também não possuem um sistema visual acurado, mas conseguem se orientar por meio de um mecanismo biológico chamado “ecolocalização”. Com base nessas premissas, esse projeto tem como objetivo o desenvolvimento de um dispositivo baseado na sinalização de distâncias e áreas dos objetos por meio de um padrão de vibração. Para isso, a metodologia foi dividida em etapas. Na primeira delas, intitulado “aprofundamento teórico”, foi feito um levantamento visando compreender os princípios básicos da ecolocalização, do sistema auditivo, do som binaural, bem como os princípios básicos de funcionamento do arduíno. Na segunda etapa, por sua vez, foram desenvolvidos os primeiros protótipos. A terceira etapa consiste em alpha-testes. Nela, até agora, analisamos onze tipos de materiais, facilmente encontrados no cotidiano, que poderiam ser ecolocalizados. Como resultado, verificamos que 91% dos materiais analisados responderam positivamente à ecolocalização. Além disso, fizemos uma entrevista qualitativa, semiestruturada, com um deficiente visual para verificar a viabilidade e potencialidade, além do aprimoramento, do dispositivo que foi desenvolvido. Como resultado, a entrevista preliminar revelou que, além dos buracos, os principais obstáculos cotidianos são telefones públicos, lixeiras soerguidas e galhos de árvore. Dado que a maioria dos materiais testados apresentou resultado positivo com relação a ecolocalização, e que em grande parte constitui os obstáculos citados pelo entrevistado, concluímos que nossa ideia poderá contribuir com a localização e locomoção espacial, já que o sistema de vibração poderá ser utilizado pelos deficientes visuais para a identificação desses objetos. Cabe ressaltar que o único material que não apresentou resultado positivo para a ecolocalização foi o pano e acreditamos que seja por conta da superfície, que pode ter isolado as ondas sonoras produzidas por um dos protótipos. Por fim, além da distância, percebemos que a identificação da área dos objetos também é importante para eficiência do dispositivo. Na quarta etapa do projeto, foi pensado, aplicado e analisado um questionário de preferências de usabilidade direcionado para cegos. Tal formulário foi feito após idas em feiras e surgirem diversas sugestões sobre o futuro do protótipo. Com as respostas, descobriu-se diversas informações, dentre elas que a bengala é sim o auxílio mais utilizado, e é preferível uma pulseira ou um celular à uma luva, assim “abrindo portas” para novas ideias de protótipos. Assim, esperamos que o projeto possa contribuir significativamente para a assistência tecnológica aos cegos.