PROJETOS

MODIFICAÇÃO DO MATERIAL GENÉTICO DOS BACTERIÓFAGOS PARA A ERRADICAÇÃO DA “PSEUDOMONAS AERUGINOSA”, “STAPHYLOCOCCUS AUREUS” E “BURKHOLDERIA CEPACIA” DO SISTEMA RESPIRATÓRIO DE PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA

Aluno(a): Beatriz Rufca e Gabriela de Castro
Prof.(a) Orientador(a): Fernando Campos De Domenico
Professora Coorientadora: Sandra M. Rudella Tonidandel

Ano: 2020

Premiações

Resumo

A fibrose cística (FC) é uma doença que afeta principalmente o sistema respiratório, mas também pode afetar o sistema digestório, sendo assim caracterizada como uma doença sistêmica. A doença atinge principalmente os caucasianos, por isso há uma variação no número de doentes em cada região e/ou país. Além de sistêmica, a FC também é uma doença genética autossômica recessiva, relacionada ao gene regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR). Quando um indivíduo apresenta um par de genes CFTR recessivos, a proteína CFTR produzida por ele será alterada. Essa proteína, normalmente, forma canais de cloreto em células das glândulas mucosas, permitindo a passagem de água e íons de cloreto, mantendo um equilíbrio entre o sal e a água, deixando o muco fino e hidratado. A mutação do gene causa a produção de um muco mais espesso e viscoso, pois nesse caso a proteína não funciona corretamente, impedindo a passagem de água e sódio da célula para o canal, o que acarreta em um muco desidratado e hipotônico. Esse muco espesso é encontrado em vários órgãos do corpo, mas principalmente nos pulmões. Além desse muco mais espesso, o portador da doença apresenta um suor mais salgado, pois as proteínas alteradas das células sudoríparas não permitem que ocorra a reabsorção do NaCl do suor. No sistema digestório de pessoas com FC, os ductos presentes no pâncreas ficam bloqueados pelo muco espesso, e com esse bloqueio as enzimas pancreáticas não conseguem chegar no intestino delgado, onde ocorre a decomposição dos alimentos e absorção dos nutrientes, provocando deficiência de crescimento, puberdade tardia, lento ganho de peso, e, em alguns casos, a esterilidade/infertilidade do paciente. Finalmente, nas vias aéreas desses indivíduos, o muco mais espesso acaba impedindo o movimento dos cílios, que são responsáveis pela eliminação das bactérias aderidas a esse muco. Consequentemente, ocorre uma concentração de bactérias na região pulmonar, o que acarreta em alguns sintomas recorrentes como: chiado no peito, falta de ar, tosse persistente (que produz catarro espesso) e infecções pulmonares bacterianas. Algumas dessas infecções são causadas pelas bactérias Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Burkholderia cepacia. Quando essa ou outras bactérias se proliferam de forma descontrolada em nosso corpo, é praticamente impossível a erradicação por meio de antibióticos comuns, devido à formação de uma estrutura que as protege, denominada de biofilme. Em casos gerais, em que há a produção dessa estrutura, uma solução geralmente utilizada para o combate de bactérias é o uso de bacteriófagos (vírus que infectam as bactérias), que podem ser utilizados juntamente com antibióticos ou não. O uso dos bacteriófagos nessa situação é muito vantajosa, pois de modo geral, é necessário utilizar apenas uma dose, devido à alta reprodução no interior das bactérias. Além disso, esses vírus normalmente não matam bactérias que são benéficas ao organismo, já que em seu material genético eles apresentam comandos para erradicar bactérias específicas. Dado o que foi citado anteriormente, nós nos questionamos como seria possível tornar pacientes com FC mais resistentes às bactérias P. aeruginosa, S.aureus e B. cepacia. Acreditamos que uma solução seria modificar o material genético de um bacteriófago, instruindo-o a erradicar especificamente essas bactérias, diminuindo assim o risco de infecção e a perda da função pulmonar.