PROJETOS

ECOLOCALIZAÇÃO INCLUSIVA: DISPOSITIVO PARA CEGOS BASEADO EM PREFERÊNCIAS DE USABILIDADE

Alunos(as): Mariana De Viglio Trindade
Prof.(a) Orientador(a): Tiago Bodê
Professora Coorientadora: Mara Cristina Pane

Ano: 2020

Premiações

Resumo

Há aproximadamente 6,5 milhões de deficientes visuais no Brasil. Dentre os inúmeros desafios e problemas de acessibilidade, essas pessoas apresentam grande dificuldade de orientação, locomoção e localização espacial em espaços públicos, uma vez que precisam tatear, memorizar e conhecer os caminhos e obstáculos presentes na maioria dos espaços públicos para conseguirem se locomover e orientar. Isso se dá, dentre outros fatores, da falta de acessibilidade e projetos de mobilidade nas ruas, que tiram o direito de ir e vir dessas pessoas. A falta de sinalização e obstáculos mudados de lugar, ou em locais altos dificulta a detecção da bengala durante o trajeto. Esta por sua vez, é muito funcional, mas às vezes gera desconforto e não é tão eficiente para sinalizar objetos soerguidos, por exemplo. A dificuldade de acesso às informações e o risco de acidentes são algumas das preocupações que levam este projeto a buscar uma forma que contribui significativamente para que possamos evitar tais situações. Portanto, sabe-se que algumas espécies de seres vivos, tais como morcegos, baleias e golfinhos, também não possuem um sistema visual acurado, mas conseguem se orientar pelo mecanismo de ecolocalização. Com base nessas premissas, se tem como objetivo o desenvolvimento de um dispositivo baseado na sinalização de distâncias e áreas dos objetos por meio de um padrão de vibração. Para isso, a metodologia foi dividida em 4 etapas. Na primeira delas, intitulada “aprofundamento teórico”, foi feito um levantamento visando compreender os princípios básicos da ecolocalização, do sistema auditivo, do som binaural, bem como os princípios básicos de funcionamento do arduíno. Na segunda etapa, por sua vez, foram desenvolvidos os primeiros protótipos. A terceira etapa consiste em alpha-testes. Nela, analisamos onze tipos de materiais, facilmente encontrados no cotidiano, que poderiam ser ecolocalizados. Como resultado, verificamos que 91% dos materiais analisados responderam positivamente à ecolocalização. Além disso, fizemos uma entrevista qualitativa, semi estruturada, com um deficiente visual para verificar a viabilidade e potencialidade, além do aprimoramento, do dispositivo que foi desenvolvido. Como resultado, a entrevista preliminar revelou que, além dos buracos, os principais obstáculos cotidianos são telefones públicos, lixeiras soerguidas e galhos de árvore. Dado que a maioria dos materiais testados apresentou resultado positivo com relação a ecolocalização, e que em grande parte constitui os obstáculos citados pelo entrevistado, concluímos que nossa ideia poderá contribuir com a localização e locomoção espacial, já que o sistema de vibração poderá ser utilizado pelos deficientes visuais para a identificação desses objetos. Cabe ressaltar que o único material que não apresentou resultado positivo para a ecolocalização foi o pano e acreditamos que seja por conta da superfície, que pode ter isolado as ondas sonoras produzidas por um dos protótipos. Por fim, além da distância, percebemos que a identificação da área dos objetos também é importante para eficiência do dispositivo. Com base nos resultados apresentados, a quarta etapa do projeto se constituiu da análise o de preferências de usabilidade direcionada para cegos. Por intermédio de um questionário semiestruturado, após idas em feirase surgirem diversas sugestões sobre o futuro do protótipo. Com as respostas, descobriu-se diversas informações, dentre elas que a bengala é sim o auxílio mais utilizado, e é preferível uma pulseira ou um celular à uma luva, assim “abrindo portas” para novas ideias de protótipos.