PROJETOS

A AUTOPERCEPÇÃO DE JOVENS ACERCA DO SEU USO DA INTERNET E A IDENTIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DESSE USO DIGITAL

Aluno(a): Beatriz Ramos de Oliveira
Prof.(a) Orientador(a): Rita Maria Saraiva De Barros
Professora Coorientadora: Sandra M. Rudella Tonidandel
Profa. Colaboradora: Lilian Moreira

Ano: 2019

Premiações

Resumo

Com o grande avanço tecnológico das últimas décadas, principalmente no que tange à informática, a internet torna-se cada vez mais popular (Abreu et.al, 2008), o número de acessos aumenta progressivamente em adolescentes e o Brasil tem um dos maiores índices de dependência tecnológica no mundo e poucos estudos sobre o assunto. Esse uso excessivo foi recentemente incluído no DSM-V como uma psicopatologia, no que tange aos jogos online. Considerando a relevância desse tema, elaboramos uma questão-problema pautada na temática da autopercepção de jovens em relação ao próprio uso da internet, relacionando esse uso não apenas a interferências nas esferas interpessoais e atencionais em relação às atividades acadêmicas, mas também a representações sociais que as tecnologias digitais exercem sobre os indivíduos. Acreditamos ser possível identificar padrões de comportamento de adolescentes com risco de uso excessivo em tecnologia e supomos serem capazes de reconhecerem-se utilizando a internet excessivamente, perceberem-se em isolamento social com pouca interação com o meio no qual estão inseridos e notarem em si mesmos certo comprometimento das habilidades e competências sociais; percebendo, também, que o uso da internet está causando um efeito negativo no campo atencional, com desvio de sua atenção durante as aulas e estudos e consequente comprometimento do rendimento escolar. Acreditamos também que, na vida dos jovens, a internet é representada, principalmente, pelos jogos e redes sociais. Para testar nossa hipótese, desenvolvemos uma metodologia baseada em um questionário com 19 questões, que foi aplicado em 245 alunos dos 9ºs anos do EF às 2ªs séries do EM. A análise dos dados permitiu que obtivéssemos uma caracterização do grupo pesquisado, e constatamos que 51% dos indivíduos consideram-se dependentes da internet, mas apenas 19% dizem estar conectados mais de 5h por dia, apesar de no mínimo 58% conectarem-se quando acordam, quando vão dormir e nos intervalos das aulas, e 41% durante os estudos. Observamos que, mesmo dizendo-se dependentes, não acreditam que o uso das tecnologias digitais interfira nos relacionamentos interpessoais, apesar de 52% dizerem que seus familiares reclamam do seu excessivo uso da internet, 98% dizerem que preferem estabelecer relações pessoalmente e 24% declararem que seus sentimentos apenas podem ser modificados se estiverem em interação com o mundo real com mais frequência. Já na esfera atencional, 64% dizem sentir preguiça e/ou dificuldade em prestar atenção durante provas ou exercícios, e 65% que a internet está relacionada à queda dos rendimentos escolares, porém 89% dos que se declaram dependentes dizem que o uso excessivo de internet não atrapalha na área das atividades escolares. Esses dados nos remetem a uma falta de metacognição nos aspectos citados acima. Em relação às representações sociais, as redes sociais apresentam-se como o núcleo central, com associação a recursos que trazem prazer e conforto. Percebemos a necessidade de uma classificação de patologia isolada relacionada às redes sociais. Em uma 2ª etapa do projeto, planejamos uma série de intervenções com o objetivo de conscientizar o jovem em relação ao uso excessivo de internet, com o objetivo de encaminhá-lo a um processo de autoconhecimento, para assim poder gerenciar o próprio uso e, além disso, alcançar o desenvolvimento de um processo cognitivo mais complexo.