PROJETOS

Identificação de Staphylococcus aureus em infecções da corrente sanguínea de pacientes transplantados de órgãos sólidos por reação da polimerase em cadeia e detecção do gene de resistência Meca

Alunos: Larissa Pereira Marques e Richard Roberts.
Profa. Orientadora: Sandra M. R. Tonidandel.
Ano: 2011.

Premiações

Destaque em projeto de Microbiologia pela Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM) na FEBRACE 2011.

Descrição

Pacientes transplantados de órgão sólido apresentam alto risco de rejeição e necessitam do tratamento pós-transplante com drogas imunossupressoras. Esse fato, somado às frágeis condições em que se encontram esses pacientes, agrava ainda mais a possibilidade de infecção grave como a Infecção de Corrente Sanguínea (ICS). A Staphylococcus aureus é frequentemente a causadora dessas infecções, e a prevalência de amostras apresentando gene de resistência mec A é elevada. Além disso, a identificação da espécie bacteriana e do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos, obtidos pelos laboratórios clínicos de rotina, pode ser demorada, dificultando ainda mais o sucesso terapêutico. Assim, nossa investigação pretende diminuir o tempo de diagnóstico da bactéria S. aureus e, concomitament e, melhorar a precisão do teste.

O plano incluía identificar diretamente do frasco de hemocultura coletada de pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos, pelo método da Reação de Polimerização em Cadeia (PCR), a presença de S. aureus ; identificar o gene mec A que codifica a resistência ao antimicrobiano oxacilina pelo método da PCR em Tempo Real sistema SYBR Green e comparar os resultados obtidos com os métodos fenotípicos. Desse modo, foram estudadas 41 hemoculturas negativas e 111 positivas obtidas de pacientes transplantados do Hospital São Paulo e do Hospital do Rim e Hipertensão/UNIFESP. Essas amostras foram processadas no setor de microbiologia do Laboratório Central (BACTEC ® e Phoenix ® ) e encaminhadas ao Laboratório Especial de Microbiologia Clínica (LEMC), onde foi realizada a extração do DNA direto dos frascos de hemocultura pelo método do Brazol, para posteriormente ser realizada a reação de PCR em Tempo Real pelo sistema TaqMan para o gene 16S universal e sondas específicas para a diferenciação entre bactéria Gram positiva (GP) e Gram negativa (GN). As amostras GP foram submetidas à detecção do S. aureus por PCR do gene nuc, e as amostras nuc positivas à detecção do gene de resistência mec A por PCR em Tempo Real pelo sistema SYBR Green. A confirmação da susceptibilidade ao antimicrobiano oxacilina e gene de resistência mec A foi realizado direto do isolado bacteriano referente à hemocultura por E-test e PCR convencional respectivamente. Do total de amostras, 43 eram GP e destas 10 foram positivas para o gene nuc . 70% (7/10) foram positivas para o gene mec A, sendo que destas 5 foram sensíveis para oxacilina pelo método automatizado. Quando avaliado direto do isolado bacteriano, uma dessas 5 amostras foi resistente ao antimicrobiano oxacilina para o método E-test, e confirmou a presença do gene mec A quando realizado o PCR convencional. Em relação à identificação bacteriana (GP/GN) e específica (gene nuc ), houve concordância de 100% entre o mé todo molecular e o fenotípico.

Quanto ao gene de resistência mec A, houve 50% de concordância, porém o método molecular se mostrou mais sensível, pois não houve a identificação de amostras falso-negativo para esse gene. Dessa forma, pretendemos que nossa pesquisa contribua com a melhoria da qualidade do tratamento dos pacientes transplantados, diminuindo riscos de resistência e rejeição do órgão transplantado por meio da implantação de um método de identificação bacteriana, mais rápido e sensível do que os convencionais. Como ampliação do projeto inicial, pretendemos utilizar este método para identificar bactérias resistentes presentes nos efluentes hospitalares, alertando a população e os hospitais dos riscos que essas contaminações podem causar.