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Em parceria com a Fundação Lymington, o Dante realizou entre os dias 27 e 31 de agosto a Semana da Ararajuba. A programação foi organizada pela equipe do museu de história natural para conscientizar os alunos sobre essa ave nativa do Brasil, que sofre ameaça de extinção devido ao tráfico ilegal. O pássaro é típico da região norte do país e suas penas têm tons fortes de verde e amarelo, o que faz da espécie uma forte candidata a símbolo do Brasil. Curiosamente, os postos de combustível BR, da Petrobras, já usam o animal como mascote.
A ararajuba só existe aqui e faz parte da mesma família dos papagaios e das araras, assim como a famosa ararinha-azul, protagonista do filme “Rio”, dirigido por Carlos Saldanha (que também fez “A Era do Gelo”). O filme foi inspirado na história real da ararinha-azul Presley, macho que foi capturado e vendido ilegalmente, passou por cinco países e, depois de 20 anos, foi encontrado nos Estados Unidos e salvo pela veterinária americana Mickey Muck, que o enviou de volta para o Brasil. A ave já era considerada extinta na natureza (na época, só havia sessenta ararinhas-azuis no mundo, todas em cativeiro e nenhuma nos EUA) e, por isso, a descoberta de Presley foi um marco para a preservação da espécie. De volta ao seu país de origem, o animal foi cuidado por Linda Wittkoff, criadora da Fundação Lymington – a mesma que protege as ararajubas e que visitou o Dante. Linda, falecida em fevereiro do ano passado, era uma americana de São Francisco que morava no Brasil desde 1961 com o marido, William (conhecido pelo apelido Bill). O casal dedicou sua vida à proteção de aves ameaçadas, deixando um legado de luta pela preservação da natureza brasileira. Presley faleceu em 2015, aos 40 anos de idade e sem ter conseguido reproduzir, mas cientistas guardaram suas células para tentar inseminação artificial.
Durante a Semana da Ararajuba, Bill veio pessoalmente ao evento, conversou com alunos, professores e funcionários e conheceu a ararajuba do Colégio, o macho Jubo, que vive no Dante há cinco anos. “Queremos espalhar a cultura de conservação e preservação desse tesouro que o Brasil tem. Afinal, as crianças são o futuro e poderão evitar o tráfico de animais. Nós não queremos que as ararajubas sigam o mesmo caminho das ararinhas-azuis, que acabaram extintas de verdade. Temos que evitar isso, e a solução é educação e informação. Quanto mais gente conhecer, melhor”, afirmou Bill. A Fundação Lymington, localizada em Juquitiba, no interior de São Paulo, existe desde 2000, é sustentada com recursos próprios e funciona como um centro de conservação e criadouro privado. Há 15 anos, Bill promove também a reintegração das aves à natureza, soltando os animais já preparados para a vida silvestre em Belém do Pará.
“Criamos os filhotes e preparamos as aves para serem reintegradas à natureza. Quanto mais selvagens elas forem, melhor. Só domesticamos e tratamos como pets as ararajubas que tenham sido rejeitadas pelos pais e que, por isso, precisem continuar vivendo em cativeiro – assim como o Jubo. São animais muito dóceis, amigáveis e companheiros”, explica a médica veterinária Elisa Tibéro, da Fundação Lymington. “A dona Linda cuidava pessoalmente de todos os 110 filhotes que nasceram no local, criando-os na mão, além de ter projetado todos os viveiros e idealizado todo o trabalho que, hoje, nós levamos adiante”, completou a veterinária Carolina Desgualdo Pereira, que também veio da fundação para conhecer o Dante.
