Ex-alunos do Dante se organizam para dar apoio aos vestibulandos do ENEM 2020

Publicado em 20 de maio de 2020 às 18:02
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Publicação da página do Instagram EADoEnem

As inscrições para o ENEM 2020 começaram na segunda semana de maio, em meio a inúmeras manifestações públicas de insatisfação pedindo para que o Ministério da Educação adie prova em consequência do isolamento social por causa da pandemia do Covid-19.

A crítica majoritária de estudantes, professores e especialistas em educação ao redor do país é a de que nem todos têm o mesmo nível de apoio e qualidade no ensino à distância, principalmente os alunos de escolas públicas – que em sua maioria sequer têm acesso à internet ou computadores em casa para estudar.

Diante deste cenário, ex-alunos do Dante tomaram a frente da situação para dispor de seu tempo e conhecimento em prol do coletivo. Um grupo de treze colegas dantianos recém-formados, que passaram nas melhores universidades do Brasil e do exterior, se reuniram virtualmente para criar um perfil no Instagram chamado EADoEnem. O foco principal da página é tirar dúvidas de estudantes do ensino médio de todo território brasileiro que não contam com professores disponíveis à distância, a fim de ajudá-los a estudar e se preparar para a prova do ENEM no final deste ano.

O time de “alunos-professores” é composto por jovens que estão cursando diferentes áreas do conhecimento na USP, UFMG, UFABC, PUC, FGV e ESPM. O modelo é simples: os vestibulandos enviam suas dúvidas pelo direct do perfil e o grupo se organiza para responder o mais rápido possível.

Carolina Previdi, que atualmente cursa Farmácia e Bioquímica na USP, conta que a ideia surgiu de um movimento que ela e seus colegas observaram no Facebook, com pessoas em suas redes sociais postando que poderiam ajudar vestibulandos tirando dúvidas de determinadas disciplinas. “Com isso e a nossa vontade de também fazer algo, a Laura Marino (que faz Relações Internacionais na ESPM) sugeriu que a gente criasse um perfil no Instagram para formalizar essa ajuda”, comenta. 

A jovem universitária afirma que, além de tirar dúvidas, o perfil irá trazer diversos tipos de dicas, como métodos de estudo e conselhos sobre como diminuir ansiedade e conseguir se manter produtivo: “também iremos abrir um espaço para discussão sobre como os alunos têm sentido este período tão difícil e incerto pelo qual estamos passando”, diz.

Publicação do perfil EADoEnem

O sentido de dividir conhecimento

Davi Perides, que cursa História na USP, afirma que uma das suas maiores motivações para integrar o grupo é a consciência de ter uma responsabilidade para com a sociedade. O jovem ressente: “a não prorrogação do ENEM e a política de não fornecer infraestrutura básica de aprendizado à distância pelo governo irão prejudicar de forma extrema os jovens deste país que não tem condições de pagar por uma educação de qualidade à qual eles têm direito”.

O estudante de Engenharia de Materiais na USP, Breno Tonidandel, também afirma que o que o impulsionou a somar com o grupo de colegas foi a consciência de seus privilégios em relação às dificuldades encontradas pela maior parte dos estudantes do Brasil: “os vestibulandos desse ano enfrentam o período de maior incerteza quanto aos vestibulares da história, e isso fará com que as disparidades entre os alunos mais pobres e mais ricos se tornem abismos ainda maiores. Apesar de essa ajuda estar longe de solucionar o problema – conhecemos nossas limitações, até mesmo por ser algo feito numa plataforma online que nem todos têm acesso – ter a chance de ajudar as pessoas que mais precisam de auxílio para estudo é algo que não se deve deixar passar”, afirma.

A estudante de Matemática Aplicada no IME da USP, Alessandra Portinari, conta que ter passado pelo Ensino Médio no Dante foi fundamental tanto para o seu preparo acadêmico quanto de seus colegas no sentido de estruturar formas de ensino. “Além disso, acho que de maneira geral o ambiente do Dante também tornou a gente mais propenso e mais disposto a ajudar, é uma escola muito embebida no altruísmo como ferramenta de cidadania”, afirma a jovem.

Ideia que Davi concorda e complementa, afirmando que a habilidade em docência é sempre um processo em construção, mas ter estudado no Dante deu condições para que eles conseguissem hoje passar seus conhecimentos adiante. E finaliza dizendo que: “o colegial no Dante foi muito focado e voltado aos vestibulares, mas sem que se perdesse o senso crítico e o desenvolvimento de uma reflexão necessária ao processo de aprendizagem. Dessa forma, o Colégio conseguiu conciliar um ensino padronizado que os vestibulares muitas vezes requerem a um ensino que dá condições ao desenvolvimento pleno da cidadania nos alunos”.

Para acompanhar as publicações e entrar em contato com o grupo, acesse o perfil.

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