PROJETOS

TRÁFICO DE AVES BRASILEIRAS: PODEMOS CONFIAR NOS CRIADOUROS DE PASSERIFORMES?

Alunas: Lucas de Barros Labaki Agostinho.
Profa. Orientadora: Rita Maria Saraiva de Barros.
Profa. Co-orientadora: Sandra M. R. Tonidandel.
Ano: 2010.

Premiações

 

Descrição

Nosso interesse na pesquisa sobre o tráfico de animais nasceu de um projeto de conscientização realizado em nossa escola sobre o tema. Fizemos então uma visita ao Departamento de Parques e Áreas Verdes (DEPAVE), da Prefeitura de São Paulo, em especial à sua divisão técnica de medicina veterinária e manejo da fauna silvestre. A péssima condição dos animais silvestres nos despertou o interesse de investigar a real procedência dos passeriformes presentes nos criadouros cadastrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) para que pudéssemos verificar a possibilidade da ocorrência de criação de animais voltada ao tráfico e da prática ilegal popularmente conhecida como a de "esquentar" os animais.Com essa investigação, entendemos que podemos contribuir com informações e conhecimentos para evitar que essa prática continue acontecendo.

Em nosso levantamento bibliográfico inicial e nos contatos com o DEPAVE, percebemos que esses traficantes, no período da postura dos ovos, entram em contato com criadores (ou vice-versa) para oferecer-lhes ovos ou pássaros recém-nascidos. Para enganar a fiscalização, eles colocam os ovos ou os filhotes nas chocadeiras ou ninhos dos criadouros para serem chocados e crescerem como se tivessem nascido ali.

Para investigar se esse tipo de prática ocorre de fato, desenvolvemos uma metodologia que se baseou em contatos por e-mail com 41 criadouros cadastrados pelo IBAMA. Nesses contatos, solicitamos autorizações para retirarmos material (sangue dos pássaros) para fazermos testes de paternidade, para as cinco espécies de passeriformes mais procuradas, devido à beleza de seu canto. Em seguida fizemos entrevistas informais com os criadores. No e-mail enviado inicialmente anexamos uma apresentação do trabalho, uma carta de apresentação do Programa Cientista Aprendiz e solicitações para visitação e retirada de material de pássaros, selecionados por nós, para que fossem feitos os testes de paternidade.

Com base no número de e-mails respondidos, apenas 18, podemos interpretar que os criadores não desejavam a nossa aproximação o que nos leva a acreditar que nos seus criatórios existe algo a esconder. No entanto, recebemos 13 autorizações para visitação e 12 para coleta de material. Fomos recebidos por criadores que nos mostraram os seus pássaros e discutiram conosco diversos assuntos relacionados aos criadouros regulamentados, à preservação dos ecossistemas e dos animais e ao tráfico.

Pretendemos continuar com mais visitas e coletas de materiais. Nessa próxima fase, faremos as análises do DNA a partir dos materiais coletados.

Levando-se em conta o que foi observado, somos levados a acreditar que boa parte dos criadouros cadastrados não recebem pássaros vindos do tráfico, mas isso não pode ser generalizado. O tráfico existe e vários criadores devem estar fomentando essa pratica. Não existe lei maior do que a “Lei de Mercado” e o homem, com a sua visão antropocêntrica do mundo, tem o costume e a tradição de manter pássaros presos sob seus cuidados, adquirindo os animais de qualquer pessoa que os ofereça, especialmente se for a baixo preço.