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O Colégio Dante Alighieri recebeu, na tarde de 13 de fevereiro, um convidado muito especial para conversar com os alunos do programa Dante High School: o pacifista Aziz Abu Sarah, educador cultural que viaja pelo mundo todo – por meio do programa National Geographic Explorer – em busca de histórias que possam colaborar com transformações positivas da sociedade.
Ele foi convidado pela coordenadora do Dante High School, profa. Rossella Beer, que contou aos alunos tê-lo conhecido em uma conferência internacional de professores. “As ideias dele são muito contagiosas, e tenho a certeza de que vocês vão adorá-lo”, disse.
Logo no início, Aziz resumiu uma das partes do seu trabalho falando de suas viagens e da criação de uma empresa de turismo que dá grande atenção a diversos pontos de vista sobre os mesmos lugares. “Eu visito países no mundo inteiro, sempre dando atenção à cultura em geral, mas também com grande foco nas pessoas. E, nas viagens que oferecemos, sempre há mais de um guia turístico, para garantir que as pessoas tenham com a história do local a partir da visão de culturas e religiões diferentes”, contou.
Aziz também explicou que outra parte de seu trabalho é justamente proferir palestras como a que ele estava realizando com os alunos da High School, e é aí que entra um dos diferenciais de sua proposta: Aziz é palestino e viu, de perto, as consequências de diferentes manifestações de intolerância. Aos sete anos, o educador (que é o mais novo de sete irmãos) viu, durante o Ramadã (uma importante celebração dos muçulmanos), o seu irmão mais velho ser preso por soldados israelenses acusado de arremessar pedras em veículos militares.
“Ele nunca assumiu ter feito isso, mas foi espancado, sentenciado a um ano de prisão e, ao sair da cadeia, estava totalmente debilitado pelos maus tratos sofridos nesse período. Ele foi internado logo em seguida, mas morreu por conta dos ferimentos”, revelou.
Tendo vivido grande parte de sua vida em uma região conflituosa, Aziz disse ser capaz de entender por que a vingança se traduz facilmente em atos de violência, condição que não o impediu, porém, de buscar um caminho diferente. Ele cita, por exemplo, que, ao entrar em uma escola de línguas, a despeito de ser o único palestino da turma, não se inquietou com aquela situação e acabou se dando muito bem com o restante da turma, todos judeus.
Essa experiência serviu como base para o que viria a se tornar o seu trabalho, que consiste, em linhas gerais, em ouvir diferentes lados da história a fim de encontrar uma convergência entre as partes, independentemente de diferenças religiosas e políticas, de tal maneira que o consenso derive de expectativas comuns sobre a sociedade em prol de soluções definitivas para os conflitos.
“Decidi que temos que derrubar as muralhas que nos cercam. Há muralhas físicas, mas as principais muralhas são aquelas que, em nossa cabeça, nos dividem. São muralhas que afetam a mente e o coração, que incentivam o ódio e a ignorância”, explicou.
Ao longo de sua exposição, Aziz também apresentou alguns de seus projetos. Um deles consistiu no aproveitamento da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, para uso do futebol como ferramenta para aproximar crianças de diversas realidades, sem que nisso importassem crenças e nacionalidades. Outro projeto baseou-se em visitas a campos de refugiados para conhecer a história de pessoas que precisaram sair de seus países por motivos diversos – como perseguição política ou riscos gerados por conta de guerras – de modo a descobrir o que poderia fazer para ajudá-las.
Ao fim da apresentação, os alunos puderam tirar dúvidas a respeito das experiências vividas por Aziz, que também já realizou uma palestra no TED, um dos principais eventos que focam o compartilhamento de experiências de pessoas tidas, pelo seu trabalho, como transformadoras da sociedade. Clique aqui para assistir ao vídeo.
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